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quinta-feira, 18 janeiro 2024 08:24

Desinformação sobre origem da cólera: População expulsa chefes de dois postos administrativos no distrito de Namuno

Está instalada uma ″guerra″ entre a população dos postos administrativos de Papai e Hukula no distrito de Namuno, a sul da província de Cabo Delgado, e os chefes daquelas unidades territoriais na sequência da desinformação sobre a cólera. O desentendimento levou os chefes dos postos administrativos a abandonar as suas residências e a refugiarem-se noutros pontos.

 

As lideranças administrativas e comunitárias são acusadas pela população de serem responsáveis pela propagação de um medicamento que supostamente provoca o vibrião colérico, embora o distrito de Namuno ainda não tenha declarado o surto.

 

Intervindo na última terça-feira, em Pemba, durante a Primeira Sessão do Conselho de Representação do Estado, a administradora de Namuno, Maria Lázaro, explicou que a situação está a criar alguma desgovernação nos dois postos administrativos, onde os respectivos chefes foram obrigados a abandonar os seus locais de trabalho e respectivas residências, além de encerramento dos serviços públicos.

 

Ela avançou que os manifestantes chegaram ao extremo de espancar uma enfermeira de um centro de saúde e despi-la, deixando-a completamente nua.

 

"Estão sem alojamento, saquearam os seus bens (...) Despiram a enfermeira e começaram a bater e passear com ela pela aldeia. Eu não sei que moral tem essa enfermeira para regressar ao posto de trabalho".

 

Entrevistado pela Rádio Moçambique, emissora pública, em Pemba, o chefe do posto administrativo de Papai, Alberto Mupuele, disse que toda a estrutura administrativa está parada.

 

"Invadiram todas as nossas instituições, incluindo as nossas casas. A secretaria está demolida. Toda a minha roupa foi vandalizada, queimaram os colchões e levaram painéis e baterias" descreveu o chefe do posto administrativo de Papai, refugiado em Machoca.

 

Além dos chefes dos postos administrativos, também se retiraram de Papai todos os funcionários e agentes do Estado, bem como os líderes e secretários das aldeias, que se refugiaram em locais seguros.

 

Reagindo à preocupação, o Secretário do Estado em Cabo Delgado, António Supeia Njanje, recomendou aos administradores a recorrer à Polícia da República de Moçambique para repor a ordem nos distritos onde se registam actos de violência contra as autoridades, afirmando que não se pode tolerar a desgovernação.(Carta)

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