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quarta-feira, 22 novembro 2023 07:23

Deslocados internos cansados de ajuda humanitária

Os deslocados internos, vítimas de terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, estão cansados da ociosidade e dependência de ajuda humanitária e, por isso, pedem instrumentos de trabalho para garantir o seu próprio sustento.

 

A preocupação dos deslocados foi expressa pela Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos das pessoas deslocadas internamente, Paula Gaviria Betancur, em conferência de imprensa havida na tarde desta terça-feira (21) em Maputo. Paula Betancur realizou a sua primeira visita oficial ao país, de 9 a 21 de Novembro de 2023.

 

De acordo com a fonte, a escolha de Moçambique para avaliar os fenómenos associados ao terrorismo, ciclones, inundações e outros males deve-se ao facto de haver vontade política por parte do Executivo moçambicano, em responder a essas crises.

 

“Avaliei que valia a pena vir a Moçambique, porque vi que há oportunidades para melhorar e ajustar a resposta que o governo e outros actores estão a dar a essas crises”.

 

O relatório preliminar da ONU, divulgado ontem na capital moçambicana, indica que um dos principais objectivos da visita a Moçambique era perceber se os deslocados internos estão a usufruir os seus direitos, riscos relacionados a sua protecção e trazer a esta resposta uma visão sobre a possibilidade de as pessoas recuperarem os seus meios de sustento.

 

“Como sabem, o maior impacto do deslocamento interno das pessoas são os efeitos adversos ao clima, ou seja, os impactos dos desastres naturais e ciclones. Pela sua localização, Moçambique é propenso a desastres e ciclones”, disse.

 

Acrescentou que no norte de Moçambique iniciou um conflito que continua a causar o deslocamento de muitas pessoas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula. Informações divulgadas em Agosto do presente ano indicam que o número de deslocados internos em Cabo Delgado era de 627.840 pessoas deslocadas.

 

“No norte do país, na província de Cabo Delgado, estivemos lá por cinco dias e visitamos os distritos de Palma e Metuge. Em alguns centros de deslocados ouvimos e sentimos que a situação da segurança melhorou. Há reconhecimento do apoio das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, da Missão Militar da SADC para Moçambique (SAMIM) e do contingente militar do Ruanda, no entanto, a sensação de medo ainda é grande”.

 

Refira-se que, desde 2017, Moçambique é vítima de ataques armados perpetrados por grupos extremistas e que provocaram a morte de mais de três mil pessoas e forçaram mais de 800 mil pessoas a procurar abrigo em locais mais seguros, desencadeando uma crise humanitária. (AIM)

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