O MISA-Moçambique condena quaisquer actos de ameaças, intimidação ou proibição de trabalho dos jornalistas, incluindo a censura. A posição do Misa-Moçambique surge em reacção a recentes pronunciamentos da Renamo proibindo a TV Miramar e ameaçando a Televisão de Moçambique (TVM) para não cobrirem os seus eventos.
O Misa-Moçambique lembra ainda: ″a cobertura jornalística de eventos de índole político, social, económico, ou qualquer outro, não pode e não deve ser condicionada ao tipo de abordagens a serem feitas sobre a matéria recolhida. Qualquer condicionalismo nesse sentido configura censura, uma violação grave da liberdade de imprensa″.
Aquela entidade avança, igualmente, que o órgão de informação não tem a obrigação de cobrir diariamente todos os eventos partidários, porque eles têm diariamente assuntos prioritários que podem não ser marchas políticas.
″Quer dizer, o jornalismo tem critérios de definição de notícias. E é na base desses critérios que se definem as notícias mais relevantes que devem merecer cobertura prioritária. Mas isso não pode ser usado abusivamente pelos jornalistas para excluir coberturas políticas relevantes de partidos″.
Nesta senda, o MISA-Moçambique apela aos órgãos de informação e aos respectivos jornalistas a pautar, neste período de tensão política, pelo rigor, imparcialidade e neutralidade, quer na definição do que deve ser notícia como na cobertura noticiosa dos eventos. ″O profissionalismo ou os altos padrões técnico-profissionais, a ética e deontologia devem ser valores a serem preservados e a serem colocados em primeiro lugar″.
Refira-se que a Renamo impediu, no dia 21 deste mês, a Miramar de fazer a cobertura da sua marcha de manifestação contra os resultados das eleições autárquicas na cidade de Maputo. O mesmo partido, através do seu cabeça-de-lista Venâncio Mondlane, ameaçou bloquear a TVM de cobrir os eventos por si organizados.
No caso da Miramar, a equipa de reportagem foi proibida de cobrir a manifestação da Renamo, o maior partido da oposição. Os simpatizantes da Renamo alegaram que a Miramar não tem feito a cobertura das suas manifestações, optando pelo distanciamento. Por isso, não queriam que, naquele dia (21), a Miramar acompanhasse a sua marcha pelas ruas da cidade de Maputo, a partir do mercado grossista do Zimpeto.
A Miramar confirma a ocorrência, mas diz que houve um mal-entendido da parte dos simpatizantes da Renamo, mas que isso acabou sendo ultrapassado e neste momento a Miramar faz coberturas das manifestações da Renamo sem qualquer problema.
Relativamente à TVM, a delegação política da Renamo tinha decidido que este órgão não devia cobrir mais os seus eventos, mas o seu cabeça-de-lista, Venâncio Mondlane, pediu para que se abrisse uma excepção para que a Televisão Pública estivesse na última marcha.
O cabeça-de-lista da Renamo ameaçou: “se a TVM continuar a desvirtuar as nossas comunicações, os nossos eventos... fiquem a saber que automaticamente será dispensada de todos os nossos eventos”. (Carta)