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sexta-feira, 29 setembro 2023 07:42

Secretário de Defesa dos EUA denuncia golpistas africanos

Os Estados Unidos continuarão a apoiar exércitos “liderados por civis” em África, disse na quarta-feira (27), em Luanda, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, culpando os militares no continente por “subverter a vontade do povo” através de golpes de Estado.

 

“Quando os generais subvertem a vontade do povo e colocam as suas próprias ambições acima do Estado de Direito, a situação de segurança deteriora-se e a democracia morre”, disse Austin num discurso sobre as parcerias de segurança dos EUA em África, proferido na capital angolana.

 

O secretário da Defesa reiterou o compromisso dos EUA em “apoiar políticas governamentais que promovam em conjunto a paz, a segurança e a governação democrática”, sublinhando que estes “elementos são inseparáveis”.

 

“África precisa de exércitos que sirvam os seus cidadãos e não o contrário”, acrescentou.

 

A visita de Austin a Angola, a primeira de um Secretário de Defesa americano, foi a terceira e última paragem da sua viagem africana, depois do Djibuti, onde fica a principal base militar dos EUA no continente africano e do Quénia, onde visitou uma base em Manda Bay, perto da fronteira com a Somália, onde um ataque terrorista em 2020 matou três americanos.

 

Os secretários de Defesa americano e queniano assinaram um acordo de segurança de cinco anos para apoiar o trabalho conjunto contra a ameaça terrorista.

 

Austin também prometeu cem milhões de dólares em apoio às missões de segurança no Quénia, enquanto as autoridades quenianas se preparam para liderar uma missão multinacional de manutenção de paz no Haiti.

 

Na segunda-feira (25), em Nairobi, o Secretário da Defesa indicou que os Estados Unidos estavam a avaliar várias opções relativamente ao futuro da sua presença militar no Níger, um dia depois de a França ter anunciado a retirada das suas tropas. Os Estados Unidos têm cerca de 1.100 soldados estacionados no Níger, empenhados contra grupos jihadistas activos na região.

 

O Níger é um dos seis países africanos onde os militares tomaram o poder pela força nos últimos três anos, juntamente com o Gabão, Burkina Faso, Mali, Sudão e Guiné. Os militares no poder em Bamako recorreram à Rússia, chegando ao ponto, segundo múltiplas fontes, de recrutar os serviços do grupo paramilitar russo Wagner.

 

“África merece mais do que os estrangeiros que tentam reforçar o seu domínio sobre este continente”, disse Austin.

 

"E África merece mais do que os autocratas que vendem armas baratas, apoiam grupos mercenários como o Grupo Wagner ou fazem com que as populações de todo o mundo morram de fome", acrescentou, numa alusão à Rússia de Vladimir Putin.

 

Angola, rica em petróleo, há muito que desfruta de laços estreitos com a China e a Rússia. Mas desde 2017, o actual presidente João Lourenço tem vindo a estreitar laços com Washington, que financiará parcialmente a renovação de uma linha ferroviária que ligará as regiões mineiras congolesas ao porto angolano do Lobito, no Oceano Atlântico.

 

“Ao longo dos últimos anos, a relação entre os Estados Unidos e Angola registou enormes progressos”, elogiou Austin. As autoridades de ambas as partes estão esperançosas de que Angola possa abandonar a Rússia como seu fornecedor de armas e optar por armas fabricadas nos EUA. (Africanews)

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