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quinta-feira, 28 setembro 2023 07:15

Bolseiros de malas aviadas para Portugal enfrentam dificuldades para obtenção de visto de viagem

Cerca de 480 estudantes moçambicanos que ganharam bolsa de estudos para Portugal são obrigados a passar a noite em frente à agência VFS. Global, sediada no Maputo Shopping, na cidade capital, para conseguir tratar o visto de viagem porque diariamente só atendem 25 pessoas.

 

Segundo Giantine Meglieti, mãe de uma das estudantes que também pretende tratar o visto, Portugal atribuiu bolsas em regime especial a cerca de 480 estudantes, mas os vistos não são tratados no consulado.

 

“Penso que o consulado agenciou uma empresa que se encontra no Maputo Shopping para tratar os vistos, mas os estudantes têm de dormir lá em frente à agência, no chão gelado, para garantir que quando a instituição abre às 08h00 possam serem os primeiros na fila, para conseguirem tratar o documento. Trata-se de estudantes que participaram de um concurso de bolsas que a embaixada de Portugal ofereceu, mas em regime especial. Não são bolsas completas. Eles dão 70 por cento da bolsa e os encarregados pagam os outros 30 por cento e pagamos acomodação para eles. O que é muito bom para os nossos filhos”.

 

A fonte diz que o mais preocupante nisso tudo é que ninguém está a fazer nada para reverter esta situação. Os estudantes deixam de estar no conforto das suas casas para ficar em filas enormes, passando frio à madrugada e sujeitos a uma situação desumana.

 

Megliete conta que todos os estudantes já deviam estar em Portugal porque as aulas já começaram, entretanto, à medida que alguns vão tendo os vistos estão a viajar e outros ficam para trás. Os vistos nem demoram tanto, mas o processo para se chegar à pessoa que trata é que está a ser desgastante.

 

“A este período da tarde creio que já existem pais que estão a caminho para passar a noite lá à espera de conseguir tratar o visto para seus filhos. Inclusive uma amiga da minha filha foi lá na terça-feira às 03h00 da manhã e já havia 25 pessoas e ela teve de voltar para casa. Outros foram para lá às 19h00 da segunda-feira que era para esperar até às 08h00 do dia seguinte para serem atendidos. E depois da marcação tens de estar lá presente até à hora da abertura da agência. O mais angustiante é que são miúdos dos seus 18 anos que concluíram recentemente a 12ª classe e tiveram essa oportunidade. Esta é uma situação muito feia. Nem sei se o consulado sabe. Assim tenho que me preparar para seguir o que os outros estão a fazer para conseguir tratar o visto da minha filha. Estou a pensar em sair de casa às 20h00 para dormir lá para fazer a marcação”, contou a fonte.

 

Depois deste depoimento, visitamos a instituição responsável pela emissão dos documentos e encontramos jovens desesperados que iam tratar de visto de viagem para estudar e outros para trabalho. Em conversa com a “Carta”, um pai desesperado contou que tratou o visto de trabalho há mais de um mês e dias depois os seus colegas também foram submeter o pedido, sendo que os mesmos conseguiram o documento em menos de duas semanas, mas ele ainda está à espera.

 

Conversamos ainda com outro estudante que chegou às 14h00 só para tentar a sorte, não sabendo se vai ou não ser atendido.

 

Em contacto com o Consulado de Portugal, fomos atendidos por um jovem que sem se identificar garantiu que todos os vistos são tratados pela VFS. Global no Maputo Shopping. Questionamos se eles tinham conhecimento de que há estudantes que são obrigados a dormir no chão para marcar a fila para obter o visto, mas ele optou em transferir a chamada para a secretária da Cônsul, Natacha De Dell, que respondeu o seguinte:

 

“Neste momento, a Doutora (a Cônsul) está numa reunião, então peço que faça um email para o consulado com a informação que a senhora precisa e assim que ela ler vai dar uma resposta”. (M.A.)

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