O Programa Mundial da Alimentação lamenta que, por falta de fundos, tenha sido forçado a reduzir as quantidades de alimentos para cerca de 418.630 pessoas afectadas pelos ataques terroristas no norte de Moçambique. Em seu informe sobre o país, publicado há dias, a agência das Nações Unidas observa que tem distribuído quantidades reduzidas desde Abril de 2022, excepto durante o pico da estação de Dezembro de 2022 e Janeiro de 2023. Pior ainda, em Fevereiro, o PMA foi forçado a interromper temporariamente a assistência alimentar.
Em resposta à falta de fundos, o PMA já começou a assistir as pessoas necessitadas com base em segmentação na Vulnerabilidade (VBT) em quatro distritos da província nortenha de Cabo Delgado. Isso prioriza a assistência alimentar às pessoas internamente deslocadas mais vulneráveis e suas comunidades de acolhimento. O esquema será gradualmente expandido para outros cinco distritos em consulta com representantes do governo local e comunidades.
O PMA também já ofereceu cursos profissionalizantes para estimular o auto-emprego para 1.368 pessoas em Cabo Delgado, abrangendo as áreas de construção civil, electricidade, alfaiataria e processamento de alimentos. Além disso, concedeu senhas a 460 pessoas que participam de um projecto de restauração de sistemas de drenagem em Pemba.
O PMA adverte que existe uma alta probabilidade de seca em várias partes de Moçambique na próxima estação. Por isso, está a trabalhar com o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) para activar e implementar planos de acção para mitigar o impacto da seca prevista.
Ao analisar o contexto das operações do PMA em Moçambique, afirma: “a insegurança alimentar aguda tem aumentado nos últimos anos no norte do país, à medida que o conflito e os deslocamentos recorrentes, somados a choques climáticos e económicos, continuam a perturbar as actividades agrícolas, os meios de subsistência, e o poder de compra das comunidades”.
“Moçambique é classificado como um dos países mais afectados por eventos climáticos extremos no mundo. Desde 2007, 11 ciclones tropicais atingiram Moçambique e a crise climática global está a causar inundações, tempestades e secas mais frequentes e intensas”.
Como resultado, “desafios significativos permanecem na busca da segurança alimentar e nutricional em Moçambique. A maioria dos moçambicanos não pode arcar com o custo de uma dieta nutritiva. Altos níveis de desnutrição afectam quase metade das crianças com menos de cinco anos. Cerca de 3,15 milhões de pessoas enfrentam níveis de insegurança alimentar de crise ou pior, conforme a última avaliação da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC). Deste número, 690.400 estão na província de Cabo Delgado. Quase metade da população permanece abaixo da linha de pobreza”.
O terrorismo obrigou centenas de milhares de pessoas a fugirem das suas casas e dos meios de subsistência em partes de Cabo Delgado. As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, apoiadas pelo exército ruandês e soldados da SAMIM (Missão Militar da SADC em Moçambique), conseguiram avanços significativos contra os terroristas conhecidos localmente como “Al-Shabaab “.
Recentemente, o líder do grupo, Bonomade Machude, o segundo em comando, Abu Kital, e um comandante sénior, Ali Mahando, foram mortos juntamente com outros membros do grupo em operações militares. O PMA está presente em Moçambique desde 1977, trabalhando com o governo para fornecer alimentos, nutrição e assistência ao sustento das comunidades mais vulneráveis. (AIM)