Tudo indica que pode ter fracassado a greve dos médicos, convocada pela Associação Médica de Moçambique (AMM) para vigor durante 21 dias prorrogáveis, a contar desde o passado dia 05 de Dezembro. O relativo insucesso da greve dos médicos pode ser atribuído às perseguições e chantagens de que os grevistas têm sido alvos por parte do Governo.
Esta segunda-feira, o Director-Geral do Hospital Central de Maputo, Mouzinho Saíde, disse, em conferência de imprensa, que apenas 60 médicos ainda têm aderido à greve na maior unidade sanitária do país, dos 600 existentes, o equivalente a 10% do total de médicos afectos à maior unidade sanitária do país.
O facto, disse Saíde, deve-se aos apelos que têm sido feitos pela direcção do hospital, no sentido de os médicos cessarem a manifestação, caracterizada essencialmente pela ausência nos locais de trabalho. “Ainda continuamos a registar algumas ausências, embora sintamos que o nosso apelo tem sido respondido e muitos colegas têm estado a trabalhar”, disse Saíde.
“Os colegas que têm estado a trabalhar redobram esforços para garantir que todos aqueles que nos procuram possam ser atendidos. Neste momento, não há um doente que chega ao hospital e que não seja atendido”, acrescentou a fonte.
Lembre-se que há 14 dias que os médicos estão em greve, em protesto ao sucessivo insucesso alcançado pela classe nas “múltiplas tentativas de diálogo frutífero com o Governo”. Até 8 de Dezembro passado, garantem os médicos, o Governo tinha respondido favoravelmente dois, dos 14 pontos reivindicados pelos médicos. O pior é que as negociações haviam sido interrompidas.
Dados colhidos pela “Carta” nos primeiros dias indicam que a greve dos médicos terá causado caos nas cidades de Maputo, Matola, Beira, Quelimane e Nampula, entretanto, as chantagens do Governo e a mobilização dos médicos militares, acabaram retraindo grande parte dos grevistas.
Refira-se que a greve dos médicos poderá ser um dos temas a ser abordados esta terça-feira pelo Presidente da República durante a apresentação do seu Informe Anual sobre o Estado Geral da Nação. (Carta)