É mais uma reclamação que vem a público, apontando o dedo aos militares do quartel de Mueda, norte de Cabo Delgado. Apesar de várias denúncias, a situação ainda não melhorou e os direitos humanos são pontapeados. Extorsão, maus tratos, golpes e ferimentos têm sido as violações dos direitos humanos mais comuns.
Por exemplo, na última sexta-feira (16), um grupo de seis (6) militares afectos àquela unidade, localizada quase "no coração" da vila de Mueda, entre os bairros Cimento e Rovuma, maltratou ao princípio da noite um jovem de aparentemente 24 anos, até ficar inconsciente, quando este, na companhia de seus amigos, caiu nas mãos dos agentes.
Trata-se de mais uma vítima que simplesmente usava o caminho que atravessa a pista de aviões para chegar à sua casa e acabou caindo nas mãos dos seis militares, enquanto outros colegas conseguiram fugir quando se aperceberam da perseguição.
Um áudio que denuncia a brutalidade dos militares, posto a circular nas redes sociais pelos familiares da vítima, que pedem o fim da violação dos direitos humanos, em Mueda-sede, descreve que o jovem vítima de maus tratos contraiu ferimentos graves e se encontra acamado, depois de muito tempo inconsciente. Além de amarrado e maltratado durante a noite, os militares usaram chamboco e coronhas de armas para concretizar as acções macabras.
Fontes disseram à "Carta" que esta não é a primeira vez que civis são vítimas de maus tratos pelos militares, simplesmente por usar o caminho que atravessa a pista que separa os bairros Rovuma e Cimento na autarquia de Mueda. No local, não há nenhuma placa ou informação, proibindo o uso do caminho que tanto de dia ou de noite é bastante usado pelos residentes dos dois bairros.
Contaram ainda que, durante as suas patrulhas, a aplicação de chambocos e cobranças ilícitas aos civis que se cruzam com militares constitui o "modus operandi" dos militares governamentais, mesmo que as suas vítimas apresentem documentos que na primeira instância são exigidos.
Sabe-se também que, se as pessoas que se cruzam com os militares forem deslocadas de outros distritos, a situação é pior. Na hora, recebem ameaças de detenção por alegadamente serem elementos terroristas em missão de espionagem para atacar a região. (Carta)