Cinco dias depois do início da greve dos médicos, a Ordem dos Médicos de Moçambique diz que a reivindicação da classe pelos seus direitos é legítima e está plasmada na Constituição da República. Para tal, deve merecer consideração de quem de direito, de forma rápida para estabelecer o curso normal das actividades para os utentes do sistema nacional de saúde.
Falando à imprensa na última sexta-feira, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Gilberto Manhiça, disse que a organização tem estado a assistir com extrema preocupação o ambiente que se vive entre os médicos e o Governo. Fazem parte do caderno reivindicativo dos médicos alguns problemas que se arrastam há cerca de 10 anos, o que demonstra a falta de valorização dos médicos nacionais.
Segundo Manhiça, a classe contesta ainda as poucas condições criadas pelo Governo para o exercício do acto médico com qualidade. Entretanto, no que concerne à Tabela Salarial Única (TSU), o Governo entendeu que o subsídio de risco devia ser reduzido de 30% para 5%, ou seja, um médico de clínica geral deve arriscar a sua vida por 2.300 Mts.
Manhiça diz ainda que os compromissos assinados com o Governo não têm validade nenhuma, o que coloca em causa a seriedade com que o mesmo encara as reclamações dos médicos e os compromissos assumidos durante o processo negocial.
"Portanto, apelamos que o Governo deixe de denegrir a imagem dos médicos moçambicanos que exercem as suas funções com dedicação e devem ser valorizados como tem sido feito com os médicos estrangeiros", refere.
Em relação à ameaça de corte de salários para os médicos que aderiram à greve, o Bastonário disse que acha anacrónico que seja colocado um livro de ponto apenas dirigido ao médico. Se o corte for de lei, que seja colocado um livro de ponto para os enfermeiros, serventes, entre outros. (Marta Afonso)