Duas pessoas perderam a vida, dos mais de 90 casos de cólera registados desde a eclosão da doença, no posto administrativo de Cobue, distrito do Lago, no Niassa, nos finais de mês passado. No entanto, os números podem ter evoluído tendo em conta a rápida propagação do surto. No centro de saúde de Cobue, foi instalado o primeiro Centro de Tratamento de Cólera - CTC com três tendas com capacidade de internamento de oito doentes cada.
O Director dos Serviços Provinciais de Saúde disse, na semana passada, que a cólera que desde fim de Setembro afecta a sede do posto administrativo de Cobue alastrou-se para mais duas comunidades, nomeadamente, Ngossi e Ntumbue.
As autoridades sanitárias foram obrigadas a alocar mais funcionários e medicamentos para travar a propagação da cólera a outras regiões da província do Niassa.
Recorde-se que o Malawi, que faz fronteira com Niassa, está quase em estado de emergência de saúde, na sequência do surto de cólera que já matou 105 pessoas e a situação parece estar fora do controlo, e com tendência a piorar.
O primeiro caso de cólera foi detectado naquele país vizinho em Março deste ano e, de lá até cá, os casos tendem a aumentar e a doença já atingiu 22 dos 28 distritos do Malawi.
De acordo com fontes oficiais, o número de novos casos e de mortos tende a aumentar com a aproximação da época chuvosa, num país onde o sistema de saúde é considerado um dos mais frágeis do mundo.
O governo do Malawi proibiu a confecção de alimentos em cerimónias fúnebres e casamentos para conter o alastramento da doença. Paralelamente, equipas multi-sectoriais desdobram-se pelos 22 distritos afectados para a educação das comunidades sobre as boas maneiras de tratamento de alimentos de consumo imediato.
Nos pontos de entrada do país e nos limites interdistritais foram colocadas equipas de saúde para a desinfecção dos pés e das mãos das pessoas em trânsito.
Além disso, Malawi partilha fronteiras internacionais com Moçambique e há um movimento transfronteiriço da população frequente, desregrado e substancial, incluindo pessoas deslocadas na sequência das tempestades tropicais do início do ano. A cólera é endêmica no Malawi com surtos sazonais notificados de 1998 a 2020.
A região sul do Malawi, que faz fronteira com Moçambique, continua a ser o foco de surtos recorrentes de cólera. Mas por enquanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda quaisquer restrições a viagens e ao comércio de e para o Malawi. Vivem e trabalham neste país mais de 50 mil moçambicanos.
A cólera é uma infecção diarreica aguda causada pela ingestão de comida ou de água contaminada pela bactéria. (Carta)