A Liga dos Docentes Universitários de Moçambique (LIDU), uma organização que congrega professores das universidades moçambicanas, defende ser inconcebível a banalização do ensino no país, sobretudo nos primeiro e segundo ciclos. A posição foi assumida este fim-de-semana em nota de imprensa enviada à comunicação social.
“O escândalo dos manuais do ensino básico, sobretudo o da 6ª classe, trouxe ao de cima a leviandade com que se lida com a educação, uma área tão vital e sensível para o desenvolvimento nacional, comprometendo, assim, um projecto nacional e colectivo e todos os esforços para responder aos desafios nacionais”, refere a nota.
Desta forma, a Liga dos Docentes Universitários diz ainda que é inconcebível que, numa época em que o mundo se movimenta, rapidamente, para uma formação cada vez mais digitalizada, Moçambique continue a imprimir manuais com erros que concorrem para deformação das gerações vindouras.
Mais adiante, os Docentes afirmam que o recente escândalo desperta a necessidade de, como nação, iniciarmos um debate com vista à construção de uma visão sobre a educação. Desta forma, a Liga dos Docentes saúda a decisão de mandar retirar os livros da circulação, visto que são nocivos à saúde mental e intelectual das crianças.
A Liga dos Docentes Universitários apoia ainda a iniciativa de responsabilização dos gestores do pelouro de educação envolvidos directamente na cadeia de concepção do livro, mas questiona a isenção da responsabilidade da direcção máxima do pelouro da educação, a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, visto que o assunto não representa apenas um erro de gestão, mas sim um problema estrutural do sector da educação.
Neste contexto, a LIDU sugere que o Governo crie mecanismos eficazes de monitoria do livro escolar, desde a concepção, aquisição até à distribuição, para garantir a qualidade e minimizar a corrupção do processo de procurement.
A Liga advoga ainda pela transparência no processo de contratação dos consultores que elaboram os conteúdos dos livros, dos editores, gráficas e do processo do transporte de distribuição e entende que, sendo a educação um assunto de soberania nacional, a definição dos conteúdos a serem incorporados nos livros deve ser inclusiva, permitindo deste modo maior participação de todas as forças vivas da sociedade, sobretudo dos professores que são os veículos de transmissão dos saberes contidos nos mesmos. (Marta Afonso)