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sexta-feira, 03 junho 2022 09:05

Ministério da Educação manda recolher livro da 6ª classe

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Depois de terem sido detectados erros graves no livro de Ciências Sociais da 6ª Classe, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) decidiu, na última terça-feira, retirar o livro de circulação, abandonando a ideia de produzir erratas anteriormente anunciada pela porta-voz, Gina Guibunda.

 

A informação foi partilhada, esta quinta-feira, pela Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, à margem da visita à Escola Primária de Guebo, na cidade de Maputo, onde foi ver na prática como está a ser leccionada a disciplina de Ciências Sociais, depois deste escândalo.

 

“Depois de muitos debates na última sessão do Conselho de Ministros realizada terça-feira, tomou-se a decisão de retirar apenas os livros de Ciências Sociais da 6ª Classe. Retiramos os livros e os professores desta disciplina vão continuar a usar os programas que têm nas suas mãos para produzir planos de aula com conteúdos que devem ser leccionados aos alunos de forma correcta”, explicou Namashulua.

 

Segundo Carmelita Namashulua, “os erros deste livro são inaceitáveis e incompatíveis com a missão do sector da educação e nos deixam envergonhados, são erros que mesmo uma criança não é capaz de cometer. Uma errata não ia resolver o problema dos erros que constam destes livros porque são erros de conteúdo, por isso vamos retirar imediatamente o livro”, afirmou a ministra.

 

Perante jornalistas, Namashulua exortou os professores para garantirem que o sistema nacional de educação não colapse, como fizeram no princípio da Covid-19.

 

“Com muito agrado assisti a uma aula da disciplina de Ciências Sociais e verifiquei que os professores estão a ser bastante proactivos, por isso quero aqui vos felicitar em primeira instância. Quero ainda agradecê-los pela atenção que tiveram após a recepção dos livros depois de muito tempo de espera e por terem feito uma leitura minuciosa, em que foi possível detectar os erros e terem sido os primeiros a notificarem o MINEDH”, explicou.

 

“Fomos notificados não só pelos professores, mas principalmente pelos pais e encarregados de educação e toda a sociedade que está bastante indignada pelo sucedido. Como sector tivemos a oportunidade de nos retratar em público, garantindo que faríamos tudo para encontrarmos soluções não só de momento, mas também para o futuro”, disse.

 

De acordo com a titular do MINEDH, perante esta situação, a indignação não é só da sociedade em geral, mas o Ministério também deve assumir a sua responsabilidade por aquilo que aconteceu com os livros, não só com estes de Ciências Sociais, mas com os outros que vem sendo indicados.

 

A dirigente lançou um apelo a todos os profissionais da educação para que continuem a fazer o estudo minucioso dos livros através dos grupos de disciplina e fazerem planos de lição com os conteúdos correctos porque neste momento circulam muitas informações sobre os erros nos livros, por isso estes erros não devem ser copiados.

 

“No domingo, eu me reuni com os vossos colegas professores que participaram na avaliação destes livros e que foram contratados através de um concurso público. Estávamos, principalmente, a avaliar o livro da 6ª Classe em específico e os mesmos também garantiram que não percebem o que aconteceu. Mas como a nossa inspecção está no terreno, temos a certeza de que teremos os resultados do que aconteceu, porque quem avaliou os nossos livros foram professores de especialidade no ensino primário. Para além destes professores, temos o Conselho de Avaliação do Livro Escolar (CALE), temos especialistas de algumas universidades, temos também especialistas de alguns sectores e temos equipes multidisciplinares que olham para questões de conteúdo de cada disciplina tendo em conta o livro que está a ser avaliado”, garantiu.

 

Face a esta situação, o MINEDH conta, a partir desta segunda-feira, com uma inspecção da Administração Pública que estará a trabalhar, questionando todo o roteiro do livro escolar, desde a sua edição, até à impressão e distribuição pelas escolas.

 

“Temos certeza de que esta comissão nos irá indicar quais são os caminhos a seguir. Por isso, para além desta inspecção, temos também no ministério equipas multidisciplinares, constituídas pelas nossas universidades para avaliação não só deste livro da 6ª Classe de Ciências Sociais como também de todos os livros do Sistema Nacional de Educação que são usados desde 2016 até esta parte, para que os livros de 2023 não apresentem erros graves como estes”, referiu.

 

Ainda por conta dos erros nos livros, foi suspenso o Director do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), Ismael Nhêze. “Afastamos o Director do INDE porque neste momento há um trabalho profundo que está a ser realizado nesta instituição e pretendemos que seja realizado com isenção por isso suspendemos o dirigente máximo no âmbito das prerrogativas do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado”, apontou Namashulua.

 

Fora do xadrez também está Gina Guibunda, porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. “Neste momento achamos por bem que Gina Guibunda deveria ser refrescada e entrar o outro porta-voz. Ela não foi suspensa porque não cometeu nenhuma irregularidade, mas nós temos no ministério três porta-vozes, temos a Gina Guibunda que sempre deu a cara, temos o Feliciano Mahalambe e temos o Simbine. Sempre que há oportunidades, esses são alinhados para esclarecer sobre todos os assuntos relativos ao nosso ministério”, esclareceu a titular da pasta da Educação e Desenvolvimento Humano. (Marta Afonso)

 

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