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quarta-feira, 19 janeiro 2022 03:16

Dias difíceis dos deslocados em Montepuez: "há três meses que não recebemos cheques alimentícios no nosso centro"

"Esta cada vez mais difícil viver neste centro", denunciou Juma Abdala à nossa reportagem, deslocado interno anteriormente residente no distrito de Macomia. "Estamos há três meses que não recebemos cheques de alimentação, nem feijão simples não temos", revelou a fonte.

 

Conforme apuramos, no Centro de Acolhimento de Nakaka, no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, onde se encontram perto de 6 mil deslocados, estes dizem terem sido esquecidos pelas autoridades nacionais e internacionais.

 

As autoridades vêm apoiando os deslocados desde que eclodiu a onda de ataques terroristas nos distritos do norte e centro da província.

 

De acordo com Maimuna Sualey, anteriormente residente em Macomia, "quando o governo aparece só fala para+-passarmos a cultivar, mas como vamos cultivar se estamos com fome e sem material para capinar? Pedimos que nos dêem comida, porque o que passamos já é demais.

 

"Fugimos da violência em Mucojo e tivemos que abandonar tudo e aqui vamos morrer de fome, porque não temos nada para nos alimentar e nem onde ir pedir".    

 

Prosseguindo, Maimuna Sualey afirmou que devido a esta situação "muitos que conseguem algum dinheiro estão a sair para Pemba, Chiúre e Nampula à procura de melhores condições".

 

Conforme apuramos, situação similar acontece noutros centros da província de Cabo Delgado, como é o caso do Centro de Acolhimento de deslocados de Najua, em Ancuabe. Nos últimos dias, o número de deslocados vem aumentado devido aos ataques que se fazem sentir no distrito de Meluco. Entretanto, devido à falta de apoio alimentar e a fome que se faz sentir em Najua, muitos deslocados dirigem-se a Montepuez e Balama. 

 

Enquanto isso, o Governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, fez entrega na última segunda-feira, em Montepuez, de oito tractores e respectivas alfaias agrícolas e atrelados aos produtores dos distritos de Balama, Namuno e Montepuez.

 

De acordo com Tauabo, "os meios de produção vão impulsionar a produção e a produtividade, e garantir comida para todos os cidadãos, incluindo a criação de postos de emprego e geração de renda". 

 

De salientar que os ataques em Cabo Delgado já provocaram mais de 3.100 mortes para além de 817 mil deslocados internos, segundo os dados da ACLED, um projecto de registo de conflitos. (Carta)

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