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quarta-feira, 29 dezembro 2021 05:00

Viúva de Nhongo exige libertação dos filhos alegadamente raptados pelas autoridades

“Quero que o Governo me devolva as crianças. O pai já morreu. Era militar e morreu pelas suas obras, então as crianças foram raptadas por causa das obras do seu pai”, diz à VOA, Amélia Marcelino, sobrevivente da emboscada na qual o marido perdeu a vida.

 

Falando na língua Chisena, Amélia Marcelino, ex-guerrilheira da Renamo desmobilizada com a patente de Major, realça que entre os filhos raptados está o primogénito de Nhongo, que deveria estar a desempenhar um papel crucial na ausência do pai, uma vez que “já não tenho forças suficientes para tomar conta” de todos os filhos.

 

“Eu peço ao Governo, se já os matou para me dar informação”, diz Marcelino que tal como outros membros da família acredita que os filhos foram raptados como forma de forçar a rendição de Mariano Nhongo. Mas, contactado pela VOA, o porta-voz do comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Daniel Macuácua, diz que a corporação não tem nenhum registo de rapto de filhos de Mariano Nhongo.

 

“Crianças raptadas de Mariano Nhongo, não tenho conhecimento. Não tenho conhecimento de um rapto que tenha ocorrido e sido participado em qualquer subunidade policial”, afirma Macuácua. Nhongo, que se opunha à liderança de Ossufo Momade na Renamo e exigia a reformulação do acordo de paz com o Governo, reivindicou e foi acusado de vários ataques que mataram dezenas de pessoas entre Sofala e Manica, no centro de Moçambique.

 

Para o analista político Wilker Dias, este caso é consequência social do legado negativo do fundador da autoproclamada Junta Militar, mas considera a exigência de Amélia Marcelino como "legítima de uma mãe”. “O discurso dela é uma aceitação de que o conflito acabou, que a principal cabeça desse conflito já não existe mais, não existindo mais, já não há motivos para manter as crianças em cativeiro”, observa Wilker Dias. Amélia Marcelino foi desmobilizada, mas voltou a engrossar as fileiras da Renamo e depois da Junta Militar, quando reacendeu o conflito no centro de Moçambique. (VOA)

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