Enquanto os preços do cimento e do clínquer praticados pela empresa Dugongo Cimentos, SA deixam os outros fabricantes e concorrentes com os nervos à flor da pele, os moçambicanos olham para aquela unidade fabril implantada no distrito de Matutuine, província de Maputo, como a melhor empresa do momento, pelo facto de a sua tabela estar em consonância com a realidade que o país enfrenta.
Um documento subscrito pelos gestores das empresas Adil Cement, África Cement Factory, Cimentos de Maputo, Cimento Nacional, Limak Cement Factory, Royal Cement e Suneira Cement, refere que os preços praticados pela Dugongo violam a Lei n° 10/2013, que estabelece o regime jurídico de concorrência no país aplicável às empresas privadas e públicas e que abrange todas as actividades económicas exercidas.
No documento enviado ao Ministério da Indústria e Comércio, no passado dia 15 de Junho, as empresas pedem a intervenção do Governo, alegando estarem a ser prejudicadas gravemente pelos preços praticados pela Dugongo Cimentos, SA.
Sem avançar o seu posicionamento em relação ao assunto, o Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, disse aos jornalistas, na última sexta-feira, que o importante é satisfazer as necessidades dos moçambicanos, tendo em conta os instrumentos que regulam a Lei do mercado.
Cidadãos eufóricos com o “turbilhão” na indústria do cimento
Perante a guerra comercial aberta pela Dugongo e as sete empresas “insatisfeitas” com as operações da unidade fabril de capitais chineses, os cidadãos mostram-se satisfeitos, alegando ser saudável para a prática dos preços justos no mercado.
Refira-se que o cimento da Dugongo é vendido entre 220 e 255 Meticais, enquanto o Cimento Nacional, por exemplo, é vendido entre 260 e 280 Meticais. Entretanto, até Fevereiro último, antes da inauguração da Dugongo, o cimento chegou a ser vendido a 720 Meticais, porém, o preço deste produto registou uma queda drástica após a inauguração daquela unidade fabril.
Aliás, a Liga Nacional da Juventude da Renamo enviou uma carta ao Ministro da Indústria e Comércio, datado de 18 de Junho, pedindo o indeferimento dos apelos das empresas produtoras de cimento. O braço juvenil da Perdiz justifica a sua posição, alegando que a petição submetida pelas empresas produtoras de cimento vai contra os anseios da juventude moçambicana, que pretende adquirir uma habitação própria e condigna.
“Se o Ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita, der provimento ao pedido destas empresas estará a esquartejar o direito à habitação, consagrado no artigo 91 da Constituição da República de Moçambique”, defende aquela organização.
Quem também se revelou contra as contestações apresentadas pelas sete empresas é o Presidente da Associação dos Operadores Turísticos de Vilanculos, Yassin Amuji. Em uma mensagem publicada na sua conta do Facebook, Amuji escreveu: “agora é a vez de deixar o povo construir, não podem viver sempre em caniço. Se o concorrente usou técnicas novas para ter menos custos e um preço mais baixo, então, façam o mesmo, invistam, reduzam pessoal, baixem salários dos directores e chefes, e deixem aquele pó cinzento ser mais acessível ao povo”.
“Penso que é tempo de o povo moçambicano se manifestar pacificamente para entregar uma carta de agradecimento à Dugongo”, considera o advogado Elvino Dias. (Omardine Omar)