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segunda-feira, 14 junho 2021 03:02

Petrolífera Total reduz força de trabalho em Moçambique

A petrolífera Total reduziu a sua força de trabalho em Moçambique, na sequência do ataque armado de rebeldes contra Palma, sede de distrito do projeto de gás entretanto suspenso em Cabo Delgado.

 

"Na sequência da decisão de 'força maior' devido à situação de segurança no norte de Cabo Delgado, a Total E&P Mozambique Area 1 (TEPMA1)", operador do projeto de gás (Mozambique LNG), "confirma que reduziu a sua força de trabalho", disse à Lusa fonte da Total.

 

Segundo a mesma fonte, a redução foi feita "como discutido com as autoridades e em conformidade com a legislação moçambicana", sem adiantar mais detalhes - nomeadamente sobre o número de postos de trabalho em causa e de que forma foram reduzidos.

 

A empresa reagia a testemunhos ouvidos pela Lusa por parte de trabalhadores diretamente contratados pela Total, segundo os quais "junho é o último mês em que a empresa paga vencimento".

 

A redução surge depois de a empresa e firmas subcontratadas terem retirado todo o pessoal do local do projeto, na península de Afungi, durante a semana que se seguiu ao ataque em 24 de março à vila de Palma - situada a cerca de 10 quilómetros.

 

O consórcio do projeto de gás natural liquefeito contava ter nesta altura cerca de 6.000 trabalhadores no local de implantação do projeto, entre funcionários diretos e subcontratados, a larga maioria moçambicanos. Do investimento de 20 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros) - o maior investimento privado em África -, previa-se canalizar 12,5% para empresas locais durante a construção.

 

Perdas elevadas

 

Mas o cenário promissor ficou também suspenso: a CTA - Confederação das Associações Económicas, maior associação patronal do país, estima que as perdas do setor empresarial com a suspensão do projeto de gás (após o ataque a Palma) ascendam a 148 milhões de dólares (122 milhões de euros).

 

Em 26 de abril, a Total acabou por fazer uma declaração de força maior, ou seja, assumindo-se "incapaz de cumprir as suas obrigações em resultado da severa deterioração da situação de segurança em Cabo Delgado, um assunto que está completamente fora do controlo da Total".

 

Jean-Pierre Sbraire, diretor financeiro do projeto, referiu que o projeto está atrasado "pelo menos um ano" - ou seja, o arranque da exploração e exportação de gás natural não deverá acontecer antes de 2025.

 

Grupos armados aterrorizam a província desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico. Há mais de 2.800 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano. (Lusa)

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