O analista de relações internacionais Muhammad Yassine defende que Moçambique não pode extraditar Ntamuhanga Cassien – jornalista ruandês detido/sequestrado no passado dia 23 de Maio – pelo facto de ainda não ter ractificado os instrumentos internacionais relacionados com o assunto e muito menos ractificou a proposta submetida pelo Governo ruandês, em 2016, aquando da visita de Paul Kagame ao país.
Em entrevista à “Carta”, o analista afirmou que caso o Governo de Filipe Jacinto Nyusi extradite o jornalista ruandês poderá ser banido dos fóruns internacionais que tratam matérias do seu interesse.
“Primeiro, Moçambique estará a violar a sua própria constituição. Segundo, estará a violar um acordo internacional que o país, por livre e espontânea vontade, assumiu”, disse.
A fonte disse não estar confortável com a recente aproximação entre Maputo e Kigali, esperando que a mesma não sirva de estratégia para perseguir cidadãos daquele país, que “fugiram de um regime sanguinário e cruel, como é o de Kagame”.
O analista e ex-deputado da Assembleia da República lembra que, num passado recente, quando houve aproximação entre os dois países, as Forças de Defesa e Segurança daquele país da África Oriental entravam no país, disfarçados de refugiados e aniquilavam seus compatriotas nos campos de refugiados.
“Até se prove o contrário, o desaparecimento deste jovem só pode ter interesse para quem sempre o procurou, neste caso, o governo ruandês. Será triste amanhã, se de alguma forma percebermos que o governo moçambicano anuiu ao desaparecimento deste jovem, porque, caso contrário, deve ser encontrado para desmentir a versão de interferência ruandesa”, sentenciou a fonte. (Omardine Omar)