Um estudo levado a cabo pela Financial Sector Deepening Mozambique (FSDMoc), em parceria com o Governo, com o objectivo de medir os níveis de acesso e utilização dos serviços financeiros pelos adultos, revela que o sector bancário nacional registou um aumento de cerca de 190 mil adultos, desde 2014, passando a ter cerca de 3 milhões de adultos, em 2019.
“Isso regista um aumento marginal na proporção de adultos bancarizados para 21%, em 2019, dos 20%, em 2014, ainda assim deixando de lado a maioria da população sem acesso aos bancos”, refere o estudo.
Abrangendo uma amostra de 5.073 famílias, a análise revela que os jovens, com idades entre 16 e 20 anos, não podem formalmente aceder aos serviços bancários, devido à legislação, com apenas 17% dessa categoria de jovens sendo beneficiados dos serviços bancários e 41% beneficiando de outros serviços formais (não bancários).
De acordo com a fonte, enquanto os produtos bancários de poupança, crédito e transferências diminuíram, desde 2014, os produtos transaccionais aumentaram cerca de 500 mil adultos, compensando a queda nos outros produtos bancários. Os adultos rurais que beneficiam dos serviços bancários permanecem inalterados em 10%, com as mulheres beneficiando dos serviços bancários tendo aumentado para 18% em comparação aos 16% em 2014.
A análise constatou que Maputo ainda tem as proporções mais altas de adultos bancarizados com ensino terciário ou superior, do sexo masculino e formalmente empregados.
“Os produtos ou mecanismos financeiros informais também estão impulsionando a inclusão financeira em Moçambique, com as necessidades financeiras de cerca de um em cada três adultos sendo satisfeitas pelo sector informal”, lê-se no estudo.
Ainda de acordo com o estudo que temos vindo a citar, a poupança e o crédito informais registaram aumentos fortes com mais adultos poupando e acedendo ao crédito de grupos de poupança, xitiques e dinheiro dos credores. A poupança desempenha um papel importante no aumento do nível de inclusão financeira, pois, cerca de 45% da população adulta poupa dinheiro de forma formal ou informal (incluindo a poupança em casa).
Divulgada semana finda, a análise concluiu ainda que apenas alguns adultos (7%), em Moçambique, poupam dinheiro através de dispositivos formais, que incluem bancos (3%) e outros produtos formais (não bancários) (5%), mostrando uma queda de 8%, em 2014.
“A poupança formal diminuiu em geral, o que pode estar relacionado com tempos económicos mais difíceis. A mesma tendência é observada no crédito, com o crédito formal diminuindo ligeiramente para 4%, em 2019, dos 6%, em 2014. No geral, apenas 7% dos adultos contraíram empréstimos, em 2019, o que representa um declínio de 10%”, acrescenta a fonte.
Com vista a reverter a exclusão financeira, o estudo diz ser necessário rever-se o elemento idade para incluir jovens com idade entre 16 e 20 anos para aceder a serviços e produtos financeiros básicos, já que estão em idade legal de trabalhar. Isso precisa ser cumprido com programas de educação financeira personalizados para melhorar o uso responsável.
Diz ainda ser preponderante ainda o reforço da educação financeira do consumidor, através da disponibilização de uma estratégia nacional abrangente de educação financeira do consumidor, deve ser priorizada. “Isso vai garantir uma estrutura para orientar a implementação, facilitar a mobilização de recursos, coordenar as partes interessadas e monitorar e avaliar a educação financeira e a protecção do consumidor, particularmente para os grupos-alvo”, recomenda a fonte.
Refira-se que o estudo é feito no contexto da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira de Moçambique (2016-2022), adoptada em Março de 2016 pelo Governo, que estabelece como metas para o sector financeiro atingir 40% da população adulta moçambicana com acesso a serviços financeiros físicos ou electrónicos até 2018 e 60% até 2022. (Evaristo Chilingue)