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sexta-feira, 05 julho 2024 02:09

Ataques Terroristas: SAMIM despediu-se ontem de Cabo Delgado

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Três anos depois de ter desembarcado na província de Cabo Delgado para apoiar Moçambique no combate ao terrorismo, chegou ao fim, esta quinta-feira, a Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), destacada em Julho de 2021 para travar o avanço do extremismo violento, que semeia luto e terror no norte do país desde Outubro de 2017.

 

Ontem, o Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, despediu-se oficialmente da SAMIM, que desde Abril último tem retirado as suas tropas de Cabo Delgado, por um lado, devido à crise financeira que afecta os países membros da missão e, por outro, ao descontentamento do bloco regional com o Governo moçambicano por envolver as tropas do Ruanda, um país que não granjeia simpatia junto de alguns países membros da SADC, com destaque para a África do Sul e República Democrática do Congo.

 

No seu discurso de despedida, Cristóvão Chume defendeu que as acções da SAMIM se revelaram um grande complemento às operações das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, “oferecendo maior robustez à missão de perseguição e eliminação dos terroristas em Cabo Delgado”.

 

“Durante o seu exercício, a SAMIM viu o seu mandato a ser sucessivamente prorrogado, dada a exigência dos factores situacionais no terreno e de forma a permitir consolidar, estabilizar e manter as conquistas alcançadas desde o seu destacamento”, acrescentou, assegurando que as Forças moçambicanas continuarão a combater o terrorismo e o extremismo violento até à sua erradicação, “salvaguardando os ganhos obtidos e honrando, desta forma, a bravura e o sacrifício das forças da SAMIM”.

 

Por seu turno, Mpho Molomo, Chefe da SAMIM, saudou a disponibilidade dos países da SADC em apoiar Moçambique, enfatizando o resultado na contenção do alastramento da insegurança e instabilidade na África Austral. Na sua despedida, a SAMIM apresentou dezenas de armas de fogo, munições e livro de alcorão, apreendidos nas mãos dos terroristas entre 2021 e 2024.

 

A SAMIM deixa o país num momento em que os terroristas voltaram a intensificar os ataques, estando, actualmente, a controlar o Posto Administrativo de Mucojo, no distrito de Macomia, um dos mais afectados pelo terrorismo e que estava sob “gestão” das tropas da SAMIM.

 

O facto preocupa o Governo, mas este mostra-se optimista em encontrar soluções. “Apesar dos progressos alcançados no combate ao terrorismo, há movimentações e ataques esporádicos dos terroristas, que criam sentimento de insegurança e instabilidade no seio da população”, afirmou Chume.

 

Refira-se que o destacamento da SAMIM era composto por tropas de oito países, nomeadamente Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesotho, Malawi, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia. As tropas do Botswana foram as primeiras a deixar o país, em Abril último, sendo que as da Tanzânia deverão permanecer no país por um período indeterminado. A missão iniciou as suas acções, em Cabo Delgado, com 738 soldados e 19 peritos. (Carta)

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