Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 07 junho 2022 07:38

Acordo de extradição entre Ruanda e Moçambique veio “abençoar actos de injustiça” de Paul Kagame – defendem refugiados ruandeses

A comunidade ruandesa em Maputo defende que o acordo de extradição, celebrado entre os governos de Moçambique e do Ruanda, veio “abençoar actos de injustiça” praticados pelo Governo de Paul Kagame contra todos seus opositores políticos que se encontram no país.

 

O acordo de assistência jurídica mútua em matéria penal foi rubricado na passada sexta-feira (03 de Junho), em Kigali, pelas Ministras da Justiça do Ruanda, Soline Nyirahabimana, e da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique, Helena Kida.

 

Para a comunidade ruandesa refugiada em Moçambique, o acordo veio confirmar o que vinha acontecendo contra os ruandeses no país. Segundo eles, os últimos acontecimentos envolvendo ruandeses refletem o plano anunciado em 2019 pelo executivo de Kigali, segundo o qual, “os ruandeses residentes no país deveriam estar preparados para a guerra”.

 

“Alertou que faria tudo que estivesse ao seu alcance para desestabilizar os ruandeses na diáspora e seus filhos porque estes estavam a dominar o comércio e a agricultura e que voltariam para o país com o objectivo de fazerem guerra”, defende o grupo, que pediu anonimato.

 

Para os nossos entrevistados, nunca constituiu problema dois Estados assinarem acordos de extradição, mas torna-se preocupante quando o objectivo é para fazer injustiça. Aliás, recordam que Paul Kagame disse, em público, que no seu país existe a justiça das leis e a justiça informal, que se aplica para resolver certas situações imediatas.

 

As fontes disseram à “Carta” haver cidadãos ruandeses que abandonaram Moçambique após testemunharem assassinatos e sequestros de seus compatriotas. Apontam ainda a ajuda ruandesa no combate aos ataques terroristas como motivo principal para a concretização dos planos de Paul Kagame.

 

No entanto, a Ministra da Justiça do Ruanda, Soline Nyirahabimana, defendeu que “os acordos significam que Ruanda e Moçambique estão agora salvo de criminosos, o que significa que nossos cidadãos se sentirão seguros”. Explicou que, ao abrigo do entendimento, um moçambicano que comete um crime no Ruanda pode ser julgado no Ruanda e depois condenado em Moçambique, ou pode ser levado para Moçambique para ser julgado, acontecendo o mesmo quando se trata de um cidadão ruandês.

 

Os acordos abrangem todos os tipos de crimes, incluindo aqueles relacionados com genocídio, mas as duas partes concordaram também em explorar novas áreas de cooperação. (O.O.)

Sir Motors

Ler 4732 vezes