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sexta-feira, 18 março 2022 04:13

Arguidos confirmam ter executado obras de Helena Taipo em Nampula

Mais três arguidos foram ouvidos pelo Tribunal, esta quinta-feira, no prosseguimento do julgamento do processo nº 51/2019/10, onde 11 indivíduos são acusados de terem desviado 113.6 milhões de Meticais dos cofres da Direcção do Trabalho Migratório, no Ministério do Trabalho, entre 2013 e 2014.

 

Zheng Sheng, Dalila Lalgy e Issufo Francisco Massona, todos da empresa Kuyaka Construções, sediada em Nampula, foram chamados a contar a sua versão dos factos, no processo, em que é também arguida Maria Helena Taipo, antiga Ministra do Trabalho. A Kuyaka Construções foi contratada para construir uma dependência T2, no bairro de Muahivire, arredores da Cidade de Nampula, estimada em cinco milhões de Meticais.

 

Ao Tribunal, Zheng Sheng, arguido de nacionalidade chinesa e casado com a co-proprietária da empresa, Dalila Lalgy (co-arguida), confirmou que celebraram dois contratos para a construção de dois blocos oficinais do Instituto de Emprego e Formação Profissional (INEFP), no distrito de Malema, província de Nampula, no valor de 24 milhões de Meticais, porém, só recebeu 12 milhões de Meticais. Explicou que a obra do INEFP não foi concluída devido à morosidade nos pagamentos, o que, aliás, acabou precipitando a revogação do vínculo contratual entre as partes.

 

Em relação à residência T2, pertencente à filha de Maria Helena Taipo, Sheng não conseguiu explicar ao Tribunal quem o teria contratado, porém, assumiu ter recebido 5.000.000,00 MT pela construção da referida moradia.

 

Já Dalila Lalgy optou por se manter no silêncio em relação ao assunto. Disse ao Tribunal que não sabia de nada e que o esposo era a melhor pessoa para explicar os contornos do assunto.

 

Devido à atitude da arguida, a Juíza Evandra Uamusse interrompeu a audiência por alguns instantes para que Dalila Lalgy refrescasse a memória. Porém, de nada valeu. No seu regresso, disse ao Tribunal que a assinatura que consta do recibo de pagamento de uma obra executada pela Kuyaka Construções não era sua.

 

No entanto, a sua estratégia seria colocada em causa, quando o Tribunal a confrontou com as declarações prestadas durante a instrução preparatória. Aos investigadores do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) teria dito que a obra custou pouco mais de cinco milhões de Meticais.

 

Por sua vez, Issufo Francisco Mussona, então contabilista da Kuyaka Construções, apontado como peça-chave para elaboração e tramitação de documentos da empresa em debate no julgamento, disse ao Tribunal que só teve conhecimento da construção do referido imóvel há menos de um ano. Ou seja, quando já se preparava para enfrentar o julgamento. No entanto, em 2019, disse ao GCCC que acompanhara todo o processo da supracitada obra.

 

Refira-se que o julgamento retoma na próxima segunda-feira, com a audição de Alfredo Lucas, carpinteiro subcontratado pela empresa Mulher Investimento, pertencente ao arguido Pedro Taimo, que se alega ter beneficiado de 2 milhões de Meticais. Também será ouvido Sidónio dos Anjos, então chefe do Gabinete da Ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo. (O. Omar)

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