A capitalização bolsista, que constitui o principal indicador do mercado bolsista moçambicano, incrementou, ao transitar de 102.139 milhões de Meticais, em Dezembro de 2019, para 107.862 milhões de Meticais em Junho de 2020, consubstanciando um crescimento em 5,6%, influenciado pela dinâmica das obrigações do Tesouro.
Entretanto, esta variação foi inferior à de 15,8% registada em igual período de 2019, quando o indicador passou de 85.339 milhões de Meticais em Dezembro de 2018 para 98.835 milhões de Meticais em Junho de 2019.
Dados da Bolsa de Valores de Moçambique, citados pelo Banco Central, em Relatório de Estabilidade Financeira de 2020, detalham que as obrigações do Tesouro representaram, no primeiro semestre do ano em análise, cerca de 66,5% (59,1% e 60,6% em Junho e Dezembro de 2019, respectivamente) da capitalização bolsista, sinalizando o peso cada vez crescente do Estado no segmento de valores mobiliários.
“Este cenário incrementa o risco soberano a que estão sujeitos os detentores destes títulos, com particular destaque para os integrantes dos sectores bancário e de seguros, influenciando, de igual modo, o risco sistémico e a estabilidade financeira no geral”, sublinha a fonte.
Relativamente ao volume de transacções por categoria de valores mobiliários, o relatório do Banco de Moçambique refere que as obrigações do Tesouro voltaram a registar o maior peso na primeira metade de 2020, com cerca de 93,6% do total, com as acções e obrigações corporativas a completar o escalonamento, com 3,8% e 2,6%, respectivamente.
O regulador do sistema financeiro nacional constatou ainda que o reduzido volume de transacções nos segmentos das acções e obrigações corporativas no semestre em apreço (apenas 3,8% e 2,6%, respectivamente) sugere que o mercado de capitais continua a não constituir alternativa para o financiamento corporativo privado, agravado pelo facto de estar com tendência decrescente, desde Junho de 2019, no caso das obrigações corporativas. Este facto é, de acordo com a nossa fonte, também atestado pelo número de instrumentos cotados por cada segmento do mercado de valores mobiliários, onde as obrigações corporativas e as acções têm uma participação relativamente reduzida se comparada às obrigações do Tesouro. (Carta)