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terça-feira, 12 janeiro 2021 06:27

Músicos lamentam partida de Bang

Carta de Moçambique chegou à fala com alguns artistas que, com Bang, marcaram uma geração da música jovem moçambicana. Os nossos entrevistados foram unânimes em afirmar: Bang era “ Visionário” e que muito fez pela cultura moçambicana.

 

Consideram, igualmente, de prematura a sua partida, pois, acreditavam que Bang tinha ainda muito a oferecer ao país e à cultura moçambicana. A notícia da sua morte, disseram os nossos entrevistados, caiu como uma bomba pelo que estavam em “estado de choque”.

 

Embora comedidos nas suas abordagens, disseram, em uníssono, que Bang não teve o “retorno” da sua entrega à causa da cultura no momento em que mais precisou.

 

“Estamos chocados…….Ele era excessivamente visionário”, Ivete Mafundza

 

 

Foi com um “estamos todos chocados” que a artista Ivete Mafundza reagiu à notícia do desaparecimento físico de Bang. Ivete Mafundza disse que a notícia da morte de Bang pegou a todos de surpresa e manifestou o seu apoio à viúva e à família.

 

De uma coisa a cantora Ivete não tinha dúvidas. Bang era um visionário. Mafundza disse que todos que trocavam uns dedos de conversa percebiam que tinha uma visão surreal e que estava, de facto, comprometido com a causa da cultura.

 

“Era excessivamente visionário. Todos que falavam com ele percebiam isso. É por isso que conseguia fazer as coisas”, disse Ivete Mafundza.

 

Bastante cautelosa, Ivete Mafundza não se alongou nos comentários à volta da campanha de angariação de fundos para ajudar Bang. Disse que não estava por dentro do dossier, pelo que, não possuía elementos bastante para tecer comentários aprofundados, acreditando, no entanto, que tenha havido o apoio.

 

“Eu não sei dizer. Não tenho informação do que ele recebeu. Acredito que tenha havido apoio”, disse.

 

“Ele não teve o retorno quando mais precisava”, Denny OG

 

 

O artista Denny OG era o rosto da desilusão e do inconformismo. Para Denny OG, calou-se a voz de um dos melhores promotores jovem que tivemos e de um compromisso indissociável para com a cultura.

 

Sem paninhos quentes, Denny OG disse que Bang, que “fez das tripas coração” pela cultura moçambicana, não teve o retorno no momento em que mais precisou, numa clara alusão aos últimos meses de vida, em que lutava contra um tumor no estômago.

 

Denny OG disse que nem ele e muito menos os seus colegas que, desde a primeira hora estiveram em frente do processo de angariação de fundos para continuar a suportar os custos do tratamento do finado na vizinha África do Sul, tiveram apoio do Governo e nem da classe empresarial que muito se valeram dos seus préstimos.

 

Pela sua entrega e nas variadas frentes, disse Denny OG, nem deveria ter sido feita a campanha de angariação de fundos, precisamente, por entender que era chegado o momento, a partir do momento em que se tomou conhecimento do seu estado de saúde, de retribuir o esforço, ainda que não fosse em valores monetários.

 

“Ele não teve retorno quando mais precisava. Muitos tiveram ganhos. Políticos, empresários e outros. Mas ele não teve esse retorno”, sentenciou Denny OG.

 

Denny OG anotou ainda que foi graças ao Bang que se passou a acreditar que a música jovem tinha valor e que muitos se fizeram artistas nas mãos dele.

 

“Antes de existir Bang, a música jovem não tinha valor. Começamos a acreditar que tínhamos valor com ele. Para nós, Bang foi um herói. Foi um visionário na cultura moçambicana”, anotou.

 

“Foi único jovem em Moçambique que trabalhou em prol da cultura”, Valdemiro José

 

 

É uma notícia difícil de digerir. Assim começou por reagir o artista Valdemiro José, que trabalhou com Bang, na Bang Entretenimento. Segundo Valdemiro José, era um dia triste porque calava-se um jovem visionário e único em Moçambique que trabalhou em prol da cultura e a sua sustentabilidade.

 

“Foi o único jovem em Moçambique que trabalhou em prol da cultura e a sua sustentabilidade”, começou por dizer Valdemiro José para depois acrescentar: “É uma grande perda. Moçambique não perde apenas um promotor. Perdeu um visionário”.

 

E por que as angariações levantaram muita celeuma, chamamo-la para nossa breve conversa. Valdemiro José resumiu a sua abordagem nos seguintes termos: faltou também o apoio do Ministério da Cultura e Turismo. Disse o artista que a classe fez o que estava ao seu alcance para ajudar o seu, mas faltou a ajuda do Governo e de outras entidades.

 

Ainda que não fosse para desembolsar valores, disse Valdemiro José, mas o Governo devia ter mostrado preocupação para com um promotor cujos feitos são visíveis a olho nu.

 

“Estamos chocados com esta dura realidade”, Ministra da Cultura e Turismo

 

 

“Estamos chocados com esta dura realidade. Perdemos um homem que muito fez para promoção e dinamização da música moçambicana. Bang foi uma figura incontornável no entretenimento nacional e notabilizou-se ao criar a Bang Entretenimento, uma empresa que promoveu música moçambicana e organizou eventos pelo país”.

 

“A sua vontade de trabalhar em prol da música fê-lo ganhar a alcunha de "O salvador da música".

 

“Em vida, Bang não mediu esforços para realizar o sonho de exaltar a cultura moçambicana.

 

Pelo calor que emprestou à música, Moçambique o terá como referência, por ter sido uma alavanca que permitiu que muitos artistas brilhassem nas suas mãos”. (Carta)

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