O Instituto Nacional de Petróleos (INP) de Moçambique manifestou-se ontem desapontado com o adiamento da decisão final de investimento da ExxonMobil para o seu megaprojeto de gás natural no Norte de Moçambique, onde a portuguesa Galp é parceira. “[Estamos] naturalmente desapontados, mas, como sabe, a decisão final de investimento é tomada pelos investidores tendo sempre em conta as condições objetivas [mercado e outros]”, lê-se numa nota do INP em resposta a questões colocadas pela Lusa.
O adiamento, sem prazo, deve-se a um corte da ExxonMobil em 2020 nas despesas de capital em 30% e nas despesas operacionais em 15% devido à queda dos preços do petróleo e derivados - provocada pelo excesso de oferta e baixa procura, com a pandemia de covid-19 -, anunciou na semana passada a petrolífera norte-americana.
Para o INP, o adiamento da decisão final de investimento terá como consequência imediata o atraso do início na implementação do Projeto Rovuma LNG e exportação de GNL, inicialmente prevista para 2025.
“As autoridades continuarão a acompanhar de perto o desenrolar dos acontecimentos e prestar todo o apoio necessário às companhias que operam em Moçambique, facilitando as condições necessárias para reduzir o impacto da desaceleração da implementação dos projetos”, acrescenta o INP.
A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão.
A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém, cada uma, participações de 10%. A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infraestruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infraestruturas upstream (a montante). O empreendimento está avaliado entre 20 a 25 mil milhões de dólares (18,3 a 23 mil milhões de euros) e é um dos maiores previstos para África.(Lusa)