A pandemia provocada pelo novo Coronavírus (Covid-19) está a causar prejuízos avultados à empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM). Segundo o Administrador Financeiro e também porta-voz da empresa, Saide Júnior, o prejuízo mensal atinge 2 milhões de USD.
“O prejuízo é grande. De Dezembro para Janeiro, o impacto da doença não foi notável, mas em Fevereiro começamos a sentir e, em Março, foi o pico dos prejuízos. Neste momento, o prejuízo ronda em cerca de 2 milhões de USD por mês”, respondeu Júnior em entrevista esta quarta-feira (01 de Abril), à Televisão de Moçambique.
De acordo com o porta-voz dos ADM, os prejuízos avultados resultam da redução drástica da procura pelo transporte aéreo. Explicou que, em Janeiro deste ano, a demanda era de cerca de 172 mil passageiros, mas devido às fortes medidas restritivas de deslocações adoptadas por vários países em todo o mundo, para prevenir a doença, em Fevereiro a procura caiu em cerca de 51 mil passageiros.
“Portanto, saímos de 172 mil passageiros para cerca de 121 mil passageiros, uma diminuição de 30%. O pico registou-se principalmente nas últimas duas semanas de Março, período em que apenas contabilizamos cerca de 88 mil passageiros, uma redução de perto de 50%, em relação a Janeiro”, detalhou Júnior.
Segundo o porta-voz dos ADM, a redução do número dos passageiros levou ao cancelamento de grande parte dos voos efectuados por companhias estrangeiras. Dessas, destacou a TAP Air Portugal qua fazia quatro voos por semana, a Qatar Airays e a Turquish Airlines que realizavam três voos por semana cada, e a Kenia Airways que reduziu para um voo por semana.
“A SA Airlinks fazia sete voos semanais para a cidade da Beira, nove para Vilankulo, quatro voos para Tete, três para Nampula e quatro voos para Pemba. Contudo, o maior cancelamento feito pela SA Airlinks foi na rota Maputo-Joanesburgo, onde abortou os três voos diários que fazia, o que totaliza 21 cancelamentos. Isto sem falarmos da LAM que também cancelou 21 voos mensais para a África do Sul, na razão de três por dia”, acrescentou Júnior, omitindo o número de voos cancelados pelas companhias TAAG e Ethiopian Airlines.
Além dos prejuízos advindos da diminuição de voos e passageiros, os ADM vêem-se também prejudicados pelo facto de as empresas que arrendam lojas nos aeroportos estarem a fechar por falta de clientes.
“Como consequência, em quase todos os aeroportos, os lojistas solicitam o encerramento temporário das lojas. Entretanto, para que os concessionários não saiam dos aeroportos, quando a situação normal retomar, vamos negociar, pedindo um plano de amortização concreto e realista”, explicou a fonte.
Júnior assegurou durante a entrevista que, caso os prejuízos se agravem, os ADM não vão fechar nem despedir trabalhadores, devido às projecções optimistas que fazem da retoma da actividade normal dentro de três meses.
“O cenário optimista é que isto passe em menos de três meses e aí a LAM, a Ethiopian Airlines (que actualmente funcionam a 50%) e as restantes companhias vão retomar de forma tímida, mas até o fim desse período elas poderão recompor-se totalmente e, nesse contexto, o prejuízo será de cerca de 1.2 milhão de USD”, concluiu o porta-voz dos ADM. De referir que, até à data, a doença obrigou à quarentena de 5.3 mil passageiros.
Desde 22 de Março passado, data em que se anunciou o primeiro caso de infecção pela Covid-19, até esta quinta-feira (02 de Abril), o país contava com 10 cidadãos infectados pelo Coronavírus, dos 302 testados. (Evaristo Chilingue)