As doenças não transmissíveis (DNTs) em Moçambique constituem um problema grave de saúde pública, sendo responsáveis por 27 por cento das mortes que ocorrem e por 60 por cento de todas as causas de incapacidade que acontecem nos países em vias de desenvolvimento.
É neste âmbito que o Ministério da Saúde (MISAU) e a Organização Não Governamental de Cooperação Internacional na área de saúde (AIFO) debatem desde ontem, em Maputo, mecanismos de harmonização de dados com o objectivo de produzir um “manual” de informação, educação e comunicação de apoio a activistas que irão trabalhar junto às comunidades durante os próximos três anos, visando dotá-las de conhecimentos sobre a prevenção, controlo e redução das taxas de doenças não transmissíveis nas províncias de Maputo, Zambézia e Sofala.
Para isso, durante os dois dias da realização deste workshop, os responsáveis do MISAU irão transmitir informações aos técnicos de saúde de 12 hospitais das províncias acima mencionadas, os quais posteriormente farão chegar os conhecimentos adquiridos, num processo que durará três dias.
Elisa Comé, Oficial de Campanha de Saúde na AIFO, afirma que as doenças seleccionadas para o campo de apoio, também conhecidas como não transmissíveis, são a diabetes, a hipertensão e o cancro do colo do útero, que são as áreas em que se farão intervenções comunitárias. Posteriormente, receberão o apoio da comunidade Sant’ Egídio na componente clínica para responder à demanda que poderá ser criada nos próximos tempos.
Segundo a Representante do Programa de Doenças não Transmissíveis no MISAU, Isabel Keshauji, “os trabalhos que serão feitos pelos activistas junto às populações poderão ajudar a reduzir os custos do tratamento das doenças não transmissíveis. Entretanto, esperamos que melhore também o conhecimento sobre os cuidados que se deve ter para a prevenção destas doenças e evitar que nos próximos anos os números continuem a crescer”.
Dados do MISAU dão conta que, em 2005, cerca de 3.1 por cento da população moçambicana era diabética e, em 2015, a taxa praticamente duplicou, tendo atingido os 7.4 por cento de diabéticos.
Por outro lado, dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, a cada ano, mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo morrem por doenças não transmissíveis. Desse número, 15 milhões situam-se na faixa etária entre os 30 e 70 anos e mais de 80 por cento destes casos ocorrem em países com um rendimento baixo. (Marta Afonso)