O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI lançou, esta quarta-feira, três publicações, nomeadamente a revista “Ligações de Género”, edição de 2018, o Relatório do Primeiro Congresso Nacional de Comunidades Reassentadas e Afectadas, promovido pela Coligação Cívica sobre a Indústria Extractiva e um mini-documentário, denominado “Vota Mulher, Vota”, que aborda as condições que motivam ou desmotivam as mulheres a participarem de forma mais activa em processos eleitorais.
A revista “Ligações de Género” é uma publicação anual do SEKELEKANI, que versa sobre o impacto da indústria extractiva na mulher e sobre os direitos sexuais e reprodutivos da rapariga, face a práticas tradicionais nocivas ou ilegais.
Já o relatório sobre o Primeiro Congresso Nacional de Comunidades Reassentadas ou Afectadas pela Indústria Extractiva é uma resenha das principais questões que se levantam actualmente, no país, em torno dos processos de transferência involuntária de comunidades de suas zonas de origem para outras, para dar lugar à implantação de projectos extractivos.
Falando na ocasião, o Director-Executivo do SEKELEKANI, Tomás Vieira Mário, disse que a questão do reassentamento é crítica, em Moçambique, porque tem a ver com a remoção da população de forma involuntária do seu habitat natural para novas regiões.
“A questão que se coloca sempre é: como é que eles vão sobreviver e se sustentar no futuro? Como vão sustentar seus filhos, ter acesso à educação, saúde? Como é que manterão sua vida normal como era onde eles partiram por uma mudança radical?”, interrogou a fonte.
No seu comentário, o também Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social explicou que o reassentamento implica tomar-se todo o cuidado para que a mudança a qual as pessoas são forçadas não baixe o nível de vida que tinham onde estavam antes, tendo em conta que não pediram para ser removidos.
A título de exemplo, na província de Tete, passam agora 12 anos, desde que a Vale e outras empresas iniciaram a exploração do carvão mineral, no entanto, a população que foi retirada desses locais, até ao momento, ainda está a passar por diversas dificuldades, com destaque para fome e poluição ambiental.
Adiante, salientou que o Estado, através do governo, tem o dever legal e moral de proteger a população e garantir o seu desenvolvimento, mas, por vezes, nota-se que há um conflito de interesse, onde o próprio governo é que está em frente dos projectos, e as mulheres não são protegidas, tendo em conta que são sempre as primeiras vítimas quando a população é deslocada.
Comentando sobre o documentário lançado também neste evento, a fonte disse que o ponto de partida do mesmo é que há uma percepção geral de que a mulher não é a principal participante política, sendo elas a maioria da população.
Parte do documentário mostra a desilusão das mulheres sobre as promessas feitas pelos partidos políticos no decurso da campanha que, depois de serem sufragados, não as cumprem. Portanto, elas apontam esse facto como um empecilho para que adiram em massa no dia do voto.
O vídeo mostra também o que desencoraja a mulher a votar, sendo, por um lado, a falta de informação e, por outro, uma frustração, porque elas não vêem o efeito prático do seu voto.
Para concluir, Tomás Vieira Mário referiu que os principais desafios para que as mulheres adiram em massa aos processos de votação passam por mostrar a esta mulher as vantagens do seu voto e que algo muda a vida para melhor e também dar-lhes informação para saberem o que é que um candidato tem diferentemente do outro, para elas saberem as razões da escolha do candidato certo porque todos fazem praticamente as mesmas promessas. (Marta Afonso)