Quando, aparentemente, a empresa Linhas Aéreas de Moçmabique (LAM) parecia estar a regressar a normalidade, depois de algum “caos” provocado pelo Ciclone IDAI, que afectou a zona do centro do país, com destaque para a cidade da Beira, eis que uma nova contrariedade se abate sobre a empresa, com a avaria, sexta-feira (29), de duas aeronaves da companhia.
A informação foi tornada pública, esta segunda-feira (01), através de um comunicado de imprensa, em que a companhia refere que a situação levou-a a reprogramar alguns voos e noutros casos, a cancelá-los. Para minimizar o impacto, provocado pela avaria das aeronaves, a LAM alugou uma aeronave sul-africana para operar nas rotas afectadas.
“Caos” provocado pelo IDAI
A LAM regista a avaria das aeronaves, depois do “caos” verificado nas suas operações, antes e depois da ocorrência do ciclone IDAI, que fustigou, a 14 de Março, a zona centro do país, em particular a cidade da Beira, província de Sofala.
De entre vários prejuízos, segundo o director-geral da empresa, João Carlos Pó Jorge, em conferência de imprensa, concedida sexta-feira (29), em Maputo, destaca-se o cancelamento de 28 voos, que afectaram 1500 passageiros com destino às províncias de Sofala, Inhambane, Manica e Tete, afectadas pela tempestade.
Após iniciar os voos, três dias depois (17 de Março), a LAM assistiu a um outro problema relacionado com a inoperância do sistema de comunicação, facto que dificultou o pré-pagamento das tarifas. “Na Beira tivemos casos de pessoas com crianças ao colo, sem dinheiro para pagar porque os sistemas de comunicação estavam inoperacionais e tivemos que criar condições para transportá-las à Maputo, onde pagaram pelas viagens”, relatou João Pó Jorge.
O director-geral da LAM disse também que nos dias subsequentes a empresa assistiu a uma maior pressão porque, sem ser possível ir a Beira por carro, devido a intransitabilidade da EN6, a alternativa era a via aérea. “Tivemos imensa procura de voos de Maputo para Beira, principalmente de carga, não só de produtos de emergência directa, tais como medicamentos, alimentos, mas também de material para repor as comunicações que foi uma das prioridades que nós percebemos que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) tinha para a busca e salvamento de pessoas”, disse.
Por causa da maior procura, desde o dia 17 de Março corrente, a LAM tem feito entre quatro a cinco viagens a Beira, contra uma média de dois voos em dias normais.
“A maior demanda no transporte de carga, levou-nos a alugar um Boeing 737-700, um avião com capacidade para carregar cerca de 15 mil toneladas. Com este carregueiro levamos geradores, bobines de cabos elétricos, fibra óptica, tendas, mantas, entre outros produtos para a operação de emergência. Esse avião fez uma operação intensa entre os dias 19 a 26 do mês em curso, por notarmos pouca demanda nos últimos dias”, afirmou Pó Jorge.
Ainda em relação à carga, a LAM teve, e continua a registar, problemas pelo facto de seu armazém, na Beira, ter sido totalmente destruído pelo ciclone e, por consequência, alguns passageiros não conseguiam prontamente levantar a carga, porque a arrumação no actual que é relativamente pequeno não permite organizar as encomendas.
Por causa das condições climáticas não favoráveis alguns aviões da LAM não aterravam na Beira e tinham de regressar para Maputo. Outros ainda desviavam rotas, o que acarretou mais custos de combustível. Os custos de todos esses prejuízos, a direção da LAM diz estar ainda a calcular.
Face aos problemas com que a LAM se debate nos últimos dias, Pó Jorge prometeu introdução de soluções que em breve irão normalizar as operações da empresa. (Evaristo Chilingue)