A participação do gás da África no mercado global aumentará para mais de 11% de todo o fornecimento de gás até 2050, de acordo com um relatório do Fórum dos Países Exportadores de Gás (GECF). A produção está projectada para aumentar de 260 biliões de metros cúbicos em 2021 para 585 biliões de metros cúbicos em 2050.
Moçambique está entre os sete países africanos que vão contribuir para este aumento. Os outros são Argélia, Egipto, Guiné Equatorial, Líbia, Nigéria e Angola.
O GECF é uma organização intergovernamental que fornece uma estrutura para troca de experiências e informações entre seus 12 países membros e sete países observadores. Espera-se que, até lá, Moçambique e Nigéria contribuam com mais de 63% da produção de gás natural de África.
“Isto fará com que África seja responsável pelo segundo maior crescimento da oferta de gás, em volume, a nível global, a seguir ao Médio-Oriente neste período”, afirmou Mohamed Hamel, secretário-geral do GECF.
Segundo o relatório, a demanda de gás natural no continente aumentará 82% até 2050, e o gás representará 30% do mix de energia da África. Juntamente com as energias renováveis, o gás será crucial para impulsionar o acesso à energia em todo o continente.
“A narrativa de que a África não deve desenvolver os seus recursos naturais, principalmente o gás natural, é equivocada. Uma África próspera será mais capaz de proteger seu meio-ambiente. O direito da África de desenvolver seus vastos recursos naturais pode ser preservado e seu acesso ao financiamento e à tecnologia facilitado”, afirmou Hamel.
Moçambique, como a Nigéria e a República do Congo, lançou terminais flutuantes (FLNG) nos últimos três meses para aproveitar a crescente demanda enquanto os países europeus correm para garantir o gás natural da África.
“Enquanto o Congo implantou dois navios FLNG com uma capacidade de produção combinada de três milhões de toneladas por ano, os navios da Nigéria e Moçambique têm uma capacidade de 1,2 milhões e 3,4 milhões de toneladas por ano, respectivamente”, disse Hamel.
De acordo com o relatório, com cerca de 900 milhões de pessoas precisando de combustíveis limpos para cozinhar e outros 600 milhões precisando de electricidade fiável, o gás natural desempenhará uma função fundamental no alívio da pobreza energética.
“O aumento do investimento nas ricas reservas de gás da África e o renascimento do GNL, especialmente para exportação, facilitarão a concretização das projecções. Estima-se que a capacidade africana de exportação de GNL atinja 199 milhões de toneladas por ano, com Moçambique, Nigéria, Mauritânia e Senegal impulsionando esse aumento”, diz o relatório Global Gas Outlook 2050. (Carta)