O Fundo Monetário Internacional (FMI) diz, em relatório denominado World Economic Outlook (WEO) de Julho corrente, que as perspectivas económicas divergiram ainda mais entre os países desde a previsão de Abril de 2021 do WEO.
“O acesso à vacina emergiu como a principal linha de falha ao longo da qual a recuperação global se divide em dois blocos: aqueles que podem esperar uma maior normalização da actividade ainda este ano (quase todas as economias avançadas) e aqueles que ainda enfrentarão infecções ressurgentes e aumento da mortalidade por Covid-19. A recuperação, no entanto, não é garantida mesmo em países onde as infecções são actualmente muito baixas, desde que o vírus circule em outros lugares”, reporta o FMI.
A Instituição internacional afirma que a economia global está projectada para crescer 6 por cento em 2021 e 4,9 por cento em 2022. Em termos de perspectivas por mercados, detalha que os países emergentes e economias em desenvolvimento foram reduzidas em 2021, especialmente para a Ásia Emergente. Em contraste, o FMI revela que a projecção para as economias avançadas é revisada para cima. Em geral, a instituição diz que essas revisões reflectem desenvolvimentos pandêmicos e mudanças no apoio a políticas.
“As recentes pressões sobre os preços reflectem, em sua maior parte, desenvolvimentos incomuns relacionados à pandemia e incompatibilidades transitórias entre oferta e demanda. A inflação deverá retornar aos seus níveis pré-pandêmicos na maioria dos países em 2022, uma vez que esses distúrbios afectam os preços, embora a incerteza permaneça alta”, relata a instituição.
Quanto à inflação, o FMI prevê que seja elevada em alguns mercados emergentes e economias em desenvolvimento, em parte relacionada aos altos preços dos alimentos. Nesse quadro exorta os bancos centrais, de um modo geral, a examinar as pressões inflacionárias transitórias e evitar o aperto até que haja mais clareza sobre a dinâmica dos preços subjacentes.
“Uma comunicação clara dos bancos centrais sobre as perspectivas da política monetária será fundamental para moldar as expectativas de inflação e proteger contra o aperto prematuro das condições financeiras. Existe, no entanto, o risco de que pressões transitórias se tornem mais persistentes e os bancos centrais possam precisar tomar medidas preventivas”, acrescenta o relatório.
Como forma de contribuir para reverter a falha na recuperação económica global diz haver uma acção multilateral, cujo papel vital a desempenhar é a redução das divergências e no fortalecimento das perspectivas globais. O FMI diz que a prioridade imediata é distribuir vacinas de forma equitativa em todo o mundo.
“Uma proposta de 50 biliões de USD do corpo técnico do FMI, endossada conjuntamente pela Organização Mundial da Saúde, Organização Mundial do Comércio e Banco Mundial, fornece metas claras e acções pragmáticas a um custo viável para acabar com a pandemia. Economias com restrições financeiras também precisam de acesso desimpedido à liquidez internacional”, lê-se no WEO.
Além daquele valor, o FMI diz haver uma proposta de Alocação Geral de Direitos Especiais de Saque de 650 biliões de USD na instituição que visa aumentar os activos de reserva de todas as economias e ajudar a aliviar as restrições de liquidez.
De acordo com o jornal “Notícias”, desse valor 33 biliões de USD destinam-se ao continente africano e 28 biliões de USD serão alocados aos países da África Subsaariana, em que Moçambique é parte. (Evaristo Chilingue)