- Para se tornar num novo paradigma, o Sustenta deve ser visto a Longo Prazo, não somente sob o ponto vista de mudança de mentalidade por parte dos actores (camponeses, sector privado, fazedores de políticas, etc) mas também porque o investimento nas suas componentes só tem resultados concretos a longo prazo (P.E.: A formação de um extensionista é um investimento a longo prazo... o saber fazer e fazer bem por parte do e extensionista não se alcança em cinco anos. Basta ver os recém-graduados e quanto tempo levam até adquirirem experiência de saber fazer bem.
- Não esperemos o mesmo impacto e resultados entre as províncias, nem entre distritos dentro de uma província, porque as condições agro-ecológicas são completamente diferentes. As culturas respondem às condições que lhes são postas.
- O rendimento de uma cultura é uma resposta a interação entre a informação genética da cultura, o ambiente onde é cultivada e o maneio submetido à cultura.
- Os agricultores são por excelência heterogêneos! Suas ambições diferem. Por isso não poder haver uma “one fits-all solution or single bullet” ao nível do distrito, província...
- A abordagem apresentada pelo Sustenta é boa sim, mas não nos esqueçamos que, neste momento, existem apena as suas componentes...a ligação e interação das componentes terá que ser uma realidade... O Sustenta não deve ser o somatório das componentes, pois o total (Sustenta) deve ser maior/muito mais do que a soma das componentes (ter partes isoladas de uma bicicleta, por mais que estejam completas, não significa ter uma bicicleta).
- A questão das linhas de financiamento requer uma grande atenção quando se trabalha com o sector familiar, cujo principal objectivo é a segurança alimentar... há culturas que jogam um papel muito importante na dieta dos agricultores que não são atrativas para o financiamento. O sector familiar é caracterizado por diversificar as culturas como forma de mitigar risco. A diversificação tem também o aspecto da complementaridade... e muitas das vezes, as culturas diversificadas ocupam o mesmo espaço. Então, a questão que se coloca é: vamos financiar o quê e como?
- O programa parece ambicioso no bom sentido da palavra. Mas o fracasso de anteriores programas não deve servir de barômetro para o Sustenta, mas de apenas lições aprendidas.
- Há uma necessidade de haver um cometimento sob ponto de vista social, económico e político => O Sustenta Precisa de Ser Sustentado para Sustentável.
*Wilson Leonardo, (PhD) Sistemas de Produção Agrária