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sexta-feira, 19 junho 2020 06:21

Banco Central reconhece que os 500 milhões de USD estão a ter menos impacto na economia

O Administrador do Banco de Moçambique, Jamal Omar, reconhece que a linha de crédito de 500 milhões de USD, facultada por aquela instituição aos bancos comerciais para dinamizarem as importações, não está a ser devidamente absorvida pela economia severamente afectada pela crise pandémica. Em causa, Omar apontou o facto de os bancos terem liquidez (ou dinheiro, neste caso em moeda estrangeira) suficiente para vender aos seus clientes.

 

Omar reconheceu o facto, intervindo esta quinta-feira (18), no último dos dois dias da Conferência sobre a Covid-19 em Moçambique. Questionado sobre que impacto a referida linha em moeda estrangeira está a ter na economia, no âmbito da mitigação dos efeitos nefastos da pandemia, aquele gestor começou por dizer o seguinte: “Acreditamos que o impacto está a ser positivo, tanto pela via directa, que é utilização desta linha, embora seja limitada, mas também por via indirecta porque o objectivo era criar condições para que o mercado percebesse que havia disponibilidade de divisas”.

 

Em contrapartida, num outro desenvolvimento, o Administrador do Banco de Moçambique disse haver menor utilização dos 500 milhões de USD. “Uma das razões da baixa utilização desta linha tem a ver com o facto de o mercado estar mais líquido em termos de divisas (tem mais divisas disponíveis)”, afirmou Omar.

 

Que a linha de crédito de 500 milhões de USD teria menos impacto na economia era previsível por parte de empresários e economistas, que desde a altura da sua disponibilização, a 23 de Março último, não se fartavam de criticar o Banco de Moçambique.

 

Após o reconhecimento por parte daquele Administrador, interpelamos o economista João Mosca para explicar as reais razões da fraca utilização da linha. Antes de mais, lembrou que as importações diminuíram por efeitos da Covid-19 e que, em tempos de crise, os empresários tendem a consumir menos recursos financeiros na banca, devido a incertezas motivadas pela situação, facto que associou à volatilidade do Metical perante outras moedas.

 

Mosca apontou ainda que o menor impacto da linha na economia resulta do facto de as taxas de juro de referência continuarem altas, o que não encoraja os investidores a buscar as verbas. Como consequência, acrescentou a fonte, os bancos comerciais têm liquidez suficiente para emprestar aos seus clientes.

 

Entretanto, para que a linha seja efectivamente útil, o nosso entrevistado sugeriu ao Banco de Moçambique para baixar ainda mais as taxas de juro de referência. Mosca defendeu, igualmente, que os 500 milhões de USD sejam injectados directamente ao mercado, a fim de serem utilizados não apenas para importações, mas também para mitigar os impactos da Covid-19 nas empresas e famílias. (Evaristo Chilingue)

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