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quinta-feira, 18 junho 2020 06:47

Banco Central reduz Taxa de Juro de referência em 1% e diz que continua elevada pressão sobre contas públicas

Reunido esta quarta-feira, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BM) decidiu reduzir a Taxa de Juro de Política Monetária, Taxa MIMO, em 100 pontos base (pb), ou em 1%, para 10,25%.

 

O CPMO decidiu, igualmente, reduzir as Taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 100 pb, para 7,25% e 13,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente. Adicionalmente, o órgão deliberou eliminar as restrições ao acesso à janela da FPC introduzidas em Outubro de 2016.

 

“A decisão foi suportada por uma nova revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num cenário em que se prevê uma procura agregada mais contraída em 2020 e retoma branda em 2021, reflectindo as restrições na actividade económica associadas aos desafios impostos pela Covid-19, tanto a nível doméstico como internacional”, refere um comunicado enviado à nossa redacção.

 

Na terceira reunião bimensal, o CPMO analisou as perspectivas da inflação e constatou que, a médio prazo, a evolução de preços continua baixa. “Em Maio, a inflação anual de Moçambique desacelerou para 3,02%, após 3,32% no mês precedente. O BM prevê que até ao fim do ano de 2020 e de 2021 a inflação se mantenha baixa, na banda de um dígito, devido: (i) à maior contracção da procura interna e antecipação de sua lenta recuperação; (ii) ao efeito da isenção do IVA; (iii) à redução de preços de alguns bens e serviços básicos; e (iv) à expectativa de menor volatilidade cambial no médio prazo”, lê-se na nota.

 

O CPMO analisou, na última sessão, o comportamento da actividade económica e constatou que, até ao final de 2020, espera-se uma maior contracção seguida por uma retoma branda em 2021. Em causa, o Banco Central diz que a desaceleração da economia se deverá, internamente, às restrições impostas no âmbito da prevenção da Covid-19 e à instabilidade militar, sobretudo, na zona norte do país, factores que poderão afectar severamente o desempenho económico em 2020, num contexto em que a procura externa pelos produtos nacionais está cada vez mais baixa. Ainda assim, o Banco de Moçambique espera, para 2021, uma retoma suave do crescimento, assente na normalização gradual da pandemia. Neste capítulo, a nota lembra que, no primeiro trimestre de 2020, a economia cresceu 1,7%, após 1,5% no último trimestre de 2019.

 

O CPMO do Banco Central refere ainda no comunicado que o mercado dispõe de divisas suficientes para apoiar a actividade económica no curto e médio prazos. Revela que, desde Abril último, o sistema bancário nacional comprou divisas no mercado doméstico no valor de 1.096 milhões de USD e vendeu aos seus clientes um total de USD 1.022 milhões, o que resultou num excedente de 74 milhões de USD. A taxa de câmbio continuou a registar uma depreciação no período, embora a ritmos cada vez menores nas últimas semanas. No mesmo período, sublinha a nota, as reservas internacionais do Banco de Moçambique aumentaram em 321 milhões de USD para um saldo de 4 mil milhões de USD, cifra que permite cobrir mais de seis meses de importações.

 

Em relação ao mercado monetário interbancário, o Banco Central diz que a liquidez se mantém em níveis elevados, em torno de 50 mil milhões de Meticais, aplicada em instrumentos de curto prazo. “Este montante representa uma redução de cerca de 20 mil milhões em relação ao valor apurado na última sessão do CPMO, como resultado de maior compra de divisas e da aplicação em títulos do Tesouro por parte dos bancos comerciais”, esclarece a fonte.

 

O comunicado que temos vindo a citar revela ainda que continuam elevadas as perspectivas de pressão sobre as contas públicas devido às medidas de mitigação da Covid-19, mas espera-se que parte significativa da pressão seja minimizada pelos apoios dos parceiros de cooperação. “Entretanto, desde a última sessão do CPMO, a dívida pública interna, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, diminuiu de 163.670 milhões para 160.135 milhões de Meticais.

 

“Para o horizonte de curto a médio prazo, agravam-se os riscos e incertezas na economia doméstica. Desde o último CPMO, os riscos e incertezas agravaram-se significativamente, com destaque para a instabilidade militar na zona norte do país, e a magnitude do impacto da Covid-19. O prolongamento desta situação poderá afectar o perfil dos indicadores económico-financeiros e determinar a adopção, pelo CPMO, de medidas correctivas. A próxima reunião ordinária do órgão está agendada para o dia 20 de Agosto de 2020”, conclui o documento assinado pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela. (Carta)

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