A actividade empresarial sofreu queda acentuada no mês de Abril passado, devido à crise provocada pela Covid-19, mostram os dados do último inquérito, levado a cabo pelo Standard Bank, a 400 empresas moçambicanas do sector privado. Como consequência da queda, o inquérito aponta que os novos trabalhos diminuíram a um ritmo sem precedentes.
O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index (PMI). Indica que valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições para as empresas no mês anterior, enquanto os registos abaixo de 50,0 mostram uma deterioração. Feito o inquérito, a conclusão foi: “o PMI caiu para 37,1 em Abril, uma descida sem precedentes, indicando uma deterioração acentuada na saúde do sector privado em Moçambique. Isto, em comparação com um registo de 49,9 em Março, consistente com condições estáveis para as empresas em termos globais”.
O relatório do inquérito aponta que medidas destinadas a reduzir a propagação do vírus, incluindo as restrições às viagens e a proibição à concentração de pessoas, tiveram um impacto substancial na procura, com a contracção dos números relativos ao emprego e à actividade de aquisição face ao agravamento no panorama para a actividade.
Relata ainda que cortes no emprego, nos salários dos trabalhadores e nos preços de aquisição levaram à primeira queda nos custos dos meios de produção da história do inquérito. Acrescenta que os encargos com as vendas continuaram a subir, mas apenas ligeiramente. “Três dos subcomponentes do índice principal também caíram para valores recorde em Abril: produção, novas encomendas e stock de aquisições. Estes valores assinalaram uma redução drástica na actividade, tendo as empresas associado essa situação à Covid-19 e às restrições do governo às deslocações”, detalha o inquérito.
O relato do PMI explica que a queda nos novos negócios foi a mais rápida na história da série (desde Abril de 2015) e provocou reduções massivas nas aquisições e nos inventários das firmas moçambicanas. Algumas empresas, relata a análise, referiram que o encerramento das fronteiras – em particular, com a África do Sul – dificultou a obtenção de meios de produção, tendo os prazos de entrega, por conseguinte, sofrido atrasos. O emprego caiu, pela primeira vez, em 18 meses, com as empresas a ajustarem os números da mão-de-obra face à pandemia.
“Entretanto, as encomendas em atraso diminuíram pela primeira vez desde Janeiro, em virtude da redução no número de encomendas recebidas. As empresas moçambicanas esforçaram-se duramente para reduzir os custos dos meios de produção durante o mês, devido à descida das vendas. Com a queda nas aquisições, os fornecedores reduziram acentuadamente os preços das matérias-primas, tendo os custos com o pessoal registado, também, uma descida devido a salários mais baixos”, acrescenta a fonte.
Por fim, o PMI mostra que as expectativas para a produção no prazo de um ano pioraram em Abril, pelo segundo mês consecutivo. Diz ser um sentimento mais fraco do que a média da série, tendo as empresas relacionado o pessimismo com a pandemia do vírus e o declínio em novos negócios. (Carta)