O Indicador do Clima Económico (ICE), expressão da confiança dos empresários do sector real, registou uma queda no primeiro trimestre de 2020, facto que pode estar associado à pandemia da Covid-19 que assola o mundo, desde o mês de Dezembro de 2019 e a incerteza instalada particularmente a partir do mês de Março, em Moçambique, quando foi diagnosticado o primeiro caso.
Dados publicados, semana finda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que, no período em análise, o indicador caiu para 95.24 pontos, contra 96.11 pontos registados em igual período de 2019.
O INE concluiu que a tendência negativa da Confiança empresarial no primeiro trimestre deste ano deveu-se à degradação da confiança em todos os sectores de actividade inquiridos, destacando-se, em termos de amplitude, os sectores de alojamento e restauração e transportes que viram seus níveis de confiança reduzirem 22 e 9.2 pontos percentuais, respectivamente face ao mês de Fevereiro.
“O indicador da perspectiva da procura sofreu uma ligeira queda no primeiro trimestre de 2020 se comparado com o quarto trimestre de 2019, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série temporal. Essa perspectiva desfavorável da procura no primeiro trimestre deveu-se, em média, às avaliações negativas das perspectivas da procura nos sectores de alojamento e restauração que viram reduzidas as reservas, as hospedagens e dormidas, da produção industrial, dos transportes e de construção, com redução significativa do volume de encomendas de obras, o que permitiu suplantar a apreciação positiva dos restantes sectores no mesmo período em análise”, relata a fonte.
Por efeito da Covid-19, a autoridade estatística relata ainda que a perspectiva do emprego também registou uma queda no primeiro trimestre face ao quarto trimestre de 2019, facto que acontece pelo terceiro trimestre consecutivo. A queda, detalha o INE, deveu-se em média a uma depreciação da perspectiva de emprego nos sectores de alojamento e restauração, de comércio, de transportes, de construção e produção industrial, apesar do registo de incremento da perspectiva de emprego nos sectores de outros serviços não financeiros, no trimestre em análise.
Mesmo perante uma especulação de preços, de Janeiro a Março, a fonte explica que o indicador de perspectiva dos preços registou uma diminuição ligeira face ao trimestre anterior, tendo o respectivo saldo se situado acima do observado no trimestre homólogo de 2019. “Contribuíram para a previsão em baixa dos preços futuros no período em análise, a redução do indicador nos sectores de alojamento e restauração, de transportes, da produção industrial e da construção, facto que suplantou os sectores de outros serviços não financeiros e de comércio que viram as suas perspectivas de preço aumentarem no trimestre em análise”, aponta o INE.
Empresas com constrangimentos aumentam em 12%
A autoridade estatística nacional relata que, em média, 44% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no primeiro trimestre de 2020, o que representou um aumento de 12% de empresas com limitação de actividade face ao trimestre anterior, facto que está em linha com o ICE que diminuiu. O INE explica que a situação foi influenciada pelo aumento de empresas afectadas por algum obstáculo no período de referência em todos os sectores, com maior destaque para os sectores de serviços de transportes (com 58% de empresas afectadas), de alojamento e restauração (52%), da construção (45%) e da produção industrial (41%).
O ICE constitui uma publicação mensal sobre a conjuntura económica de Moçambique. O estudo expressa opinião dos agentes económicos (gestores de empresas) acerca da evolução corrente da sua actividade e perspectivas no curto prazo, particularmente sobre emprego, procura, encomendas, preços, produção, vendas e limitações da actividade. (Evaristo Chilingue)