A operar num clima bastante competitivo e desafiante, face às exigências do Banco Central (e não só), a banca comercial no país conseguiu, porém, robustecer o seu activo em 2018. Trata-se de activo acumulado de 19 instituições bancárias que operam no país. De acordo com o mais recente relatório da Pesquisa sobre o Sector (Bancário), os activos da banca comercial aumentaram de 520 biliões de Meticais (Mts) em 2017, para 572 biliões de Mts em 2018, um crescimento de 10%.
O relatório da pesquisa levada a cabo pela KPMG e a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) aponta que o crescimento do balanço resulta do aumento gradual do portfolio de crédito, sustentado pela redução das taxas de juro, e investimentos em carteira de títulos (bilhetes de tesouro e obrigações de tesouros) para servir de colateral na tomada e cedência de fundos pelo Banco Central à taxa overnigth no mercado monetário interbancário.
“Apesar dos desafios económicos, a banca continua a demonstrar um crescimento sustentável da rendibilidade. Os resultados antes de impostos cresceram 27 por cento, passando de 13.4 biliões de Mts em 2017, para 17 biliões de Mts em 2018. Esta performance deveu-se, essencialmente, à redução do nível de imparidades com afectação na conta de exploração, estabilidade cambial e gestão controlada e equilibrada de custos”, lê-se no relatório.
Em relação à capitalização bancária, a fonte diz que igualmente se manteve robusta, tendo o rácio de solvabilidade atingido 26 por cento em 2018, após 21 por cento no ano anterior, levando à solidez financeira do sector para absorver perdas esperadas, bem como cumprir com as exigências regulatórias impostas pelo Banco de Moçambique.
Para que haja maior capacidade de resposta aos desafios actuais e futuros, com destaque para o desenvolvimento do conteúdo local (relação entre mega-projectos e cadeias de valor), o Presidente da AMB, Teotónio Comiche, orienta no relatório o robustecimento de balanços para atender às necessidades financeiras de cada segmento de mercado; desenvolvimento de uma oferta de valor focada na inovação digital de produtos e serviços financeiros.
Comiche defende ainda a diversificação de fontes de captação de funding para adequação da posição de liquidez; dinamização da função comercial; revisão dos modelos de negócio; intensificação dos sistemas de avaliação e controlo de riscos e optimização de instrumentos financeiros alternativos tais como: fundos de garantia, capital de risco, sistema mutualista, através de acordo de partilha de risco, com vista a atenuar as taxas de juro no mercado de financiamento. (Evaristo Chilingue)