Dados apresentados sexta-feira finda (22), em Xai-Xai, província de Gaza, resultantes de um estudo levado a cabo pelo Banco de Moçambique (BM), indicam que a contribuição daquela província na produção total de arroz no país tende a baixar.
De acordo com o estudo, nos últimos quatro anos, a província de Gaza produziu, em média, 44 mil toneladas (ton), contra uma média de 380 mil ton de todo o país. Em termos comparativos, a análise do BM indica que, na campanha 2014/15, o país produziu 375 mil ton de arroz, tendo a província em análise contribuído com 15,6 por conto (58 mil ton). Entretanto, observou o estudo, na campanha agrícola 2017/18, em que a produção nacional foi de 412 mil ton, Gaza contribuiu em 10 por cento (41 mil ton), o equivalente a uma redução perto de 17.300 toneladas.
“Segundo um estudo realizado por Abbas (2018), esta queda na produção é explicada pela substituição da produção de arroz por hortícolas, a traduzir maior lucratividade; menores riscos de produção por serem cultivados em períodos de menor probabilidade de cheias e secas; e preços mais flexíveis”, referencia o estudo.
Realizado no âmbito do 44º Conselho Consultivo do BM, realizado sob o lema “O Agro-Negócio como Factor de Dinamização da Economia: O Caso da Província de Gaza”, o estudo aponta ainda que o défice na oferta de arroz tende a agravar a nível nacional, devido ao aumento das necessidades de consumo interno daquele cereal.
A fonte avança que, entre 2015 e 2018, o aumento das necessidades de consumo do arroz, a nível nacional, foi de 52,4 por cento, facto que indicia a falta de capacidade das zonas produtivas nacionais de suprirem a procura existente no mercado doméstico.
“Concretamente, a produção de arroz de Gaza cobriu, em média, cerca de 5,0 por cento das necessidades de consumo nacional. Outrossim, registou-se um declínio da contribuição da província de Gaza de 7,8 por cento em 2015 para 3,6 por cento, em 2018, que pode resultar de dois factores: surgimento de outras regiões produtivas no país e redução da produção em Gaza, reflectindo, em parte, a produção de outras culturas em detrimento do arroz”, explica a análise.
Para reverter esse cenário, dinamizando a produção e a produtividade em todo o sector, com foco na produção do arroz, o estudo sugere a importação de insumos em grande escala e por campanha agrícola. Defende também a reposição gradual de direitos aduaneiros na importação do arroz de primeira e segunda qualidade por forma a estimular a produção nacional.
A fonte destaca, igualmente, a importância das parcerias públicas e privadas para suprir o défice de infra-estruturas, bem como uma massificação do seguro agrícola e uma Lei de Terra flexível para estimular o acesso ao financiamento, para além da adequação do financiamento bancário ao calendário agrícola e recurso ao financiamento em espécie. (Evaristo Chilingue)