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terça-feira, 24 setembro 2019 06:39

Madeira apreendida degrada-se nos postos de controlo em Nampula

É uma situação comum nos postos de fiscalização, nos Serviços Distritais de Actividades Económicas e Comandos Distritais de certos distritos da província de Nampula, encontrar quantidades de madeira apreendida de exploradores ilegais a degradarem-se há mais de quatro anos. Um trabalho feito pela nossa equipa de reportagem, entre os dias 22 a 28 de Agosto, constatou que várias quantidades de madeira da espécie Umbila, Chanfuta e Pau-preto perdiam a qualidade nos locais acima mencionados.

 

No passado dia 22 de Agosto, “Carta” esteve no distrito de Murrupula, concretamente no Posto Administrativo de Shinga, onde os membros da comunidade apresentaram 100 toros da espécie Umbila apreendidos a um grupo de furtivos chineses, em 2016, e que ainda se encontram no local, tendo já perdido a sua qualidade. Trata-se de uma comunidade onde as escolas também se encontram em condições “precárias” e sem carteiras.

 

Segundo alguns membros da referida comunidade, durante a apreensão da madeira, os técnicos da Direcção Provincial de Florestas e Fauna Bravia terão dito que a madeira seria revertida a favor da comunidade, no entanto, nada se viu até ao momento. Revelam ainda ter receio de a mesma vir a desaparecer, devido ao fogo, pois, tem-se verificado queimadas descontroladas.

 

Situação similar verificamos no dia seguinte, 23 de Agosto, nos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) e no Comando Distrital, ambos de Mecubúri, onde um camião da marca TATA, com chapa de matrícula MIB-13-68, pertencente a um cidadão de nome Momade Abudo, residente em Nacala-Porto, terá sido apreendido e o proprietário multado no valor estimado em 509 mil Mts. No entanto, porque o julgamento do processo encontra-se, desde Outubro de 2017, a ser tramitado, o camião e os toros da espécie pau-preto estão a degradar-se no SDAE e Comando Distrital de Mecubúri.

 

No intuito de averiguar se existiam mais casos do género, “Carta” deslocou-se para alguns locais, tendo circulado em três postos de controlo da província de Nampula. No Posto de Controlo Nº 1, localizado no distrito de Rapale, verificamos que havia quantidades de madeira apreendida e, em conversa com um funcionário da Autoridade Tributária afecto ao local, soubemos que os toros haviam sido apreendidos de operadores autorizados, entretanto, os mesmos haviam transportado quantidades elevadas, quando o contrato de exploração não previa isso.

 

De acordo com a fonte, a madeira foi apreendida e passada uma multa, no entanto, o operador em questão não mais se apresentou àquele local. Diante do questionamento feito pela nossa equipa de reportagem, a fonte respondeu que a mesma iria ser colocada em hasta pública e que viriam compradores. Facto é que a mesma madeira encontrava-se a degradar-se e a perder qualidade.

 

Visando compreender a situação, “Carta” dirigiu-se aos Serviços Provinciais de Floresta e Fauna Bravia e, em conversa com Luís Sande, Chefe Provincial dos Serviços, disse que toda a madeira foi apreendida durante a “operação tronco” e que terá sido adjudicada à empresa Luxoflex para fabrico de carteiras.

 

Porém, explica a fonte, devido à falta de armazéns em certos locais, a madeira acaba ficando nos respectivos postos, não havendo previsão da sua retirada para as instalações da Luxoflex. Sande realçou que a missão da sua instituição terminava com a apreensão e adjudicação, cabendo à empresa Luxoflex retirar a madeira dos locais. (Omardine Omar)

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