O Conselho de Administração do Banco Mundial aprovou a 20 de Junho deste ano o financiamento ao projecto da linha eléctrica Maputo-Vilankulo num montante de 420 milhões de USD.
O montante recentemente aprovado pelo Grupo Banco Mundial é proveniente de um fundo de financiamento regional assim como de fundos de financiamento destinados a Moçambique, sendo que daquele montante 300 milhões de dólares americanos são donativos. Os outros 120 milhões de USD são em forma de garantias, devendo estas cobrir as necessidades tanto do Projecto da Linha Maputo – Vilankulo 400 kV assim como da Central Térmica de Temane 400 MW.
Prevê-se que o fecho financeiro do projecto seja alcançado em meados de 2020, e o início da operação comercial em meados de 2023, encontrando-se em fase bastante avançada as negociações com outras instituições financeiras no sentido de assegurar adicionais financiamentos para viabilizar o financiamento dos projectos.
O Projecto STE Fase 1, que interligará Maputo ao distrito de Vilankulo em Inhambane a 400 kV constitui a primeira etapa para a interligação entre os Sistemas de Transporte Centro – Norte e Sul, devendo o mesmo ser complementado pela fase 2, que interligará as Províncias de Inhambane a Tete, sendo vital a viabilização do projecto da Central Térmica de Temane 400 MW, como forma de viabilizar a iniciativa.
Elaborado como uma operação integrada que inclui simultaneamente investimentos públicos e privados, o Projecto Regional de Electricidade de Temane (TREP) irá financiar a construção de uma linha de transmissão de alta tensão de 563 km a 400 kV entre Maputo e Vilanculos/Temane e apoiar o financiamento do sector privado de uma central de ciclo combinado de 400 MW.
Em conjunto essas operações deverão reforçar a produção e transporte de energia em Moçambique e na África Austral. O projecto possibilitará um investimento privado de 750 milhões de dólares apenas na produção e 550 milhões de dólares da infraestrutura de transporte.
“Para além de aumentar as capacidades de transmissão e produção, o TREP financiará estudos técnicos de apoio à integração regional de energia e uso de tecnologias renováveis no planeamento e operação de sistemas de energia. Apoiará também estudos sobre planos de investimento no sector da energia, incluindo o papel de Moçambique no comércio regional”, afirma Zayra Romo, Especialista Sénior em Energia e Chefe da Equipa do Projecto.
O TREP integra a espinha dorsal da rede de transmissão de Moçambique, concebida para integrar os seus sistemas de energia desarticulados do norte, centro e sul e reforçar a conectividade ao Grupo de Energia da África Austral (Southern African Power Pool - SAPP).
O projecto é uma parte integrante dos esforços do SAPP para aumentar a capacidade de produção e expandir a rede regional de transporte, criar condições para dar acesso a milhões de pessoas na região que vivem sem electricidade e reduzir o teor de carbono dos sistemas de energia da África Austral.
A perspectiva que se tem é de criação de uma infra-estrutura de interligação com todos os países vizinhos de modo a promover a exploração do potencial do mercado regional, tendo em vista a viabilização dos grandes empreendimentos energéticos, aproveitando as economias de escala propiciadas pela coordenação regional.
“É também fundamental para o desenvolvimento do sistema eléctrico interno de Moçambique e a expansão do acesso à energia e a garantia de um abastecimento de energia seguro, económico e sustentável que é um dos principais motores do desenvolvimento económico e social de Moçambique”, referiu Mark R. Lundell, o Director de País para Moçambique do Banco Mundial.
“O projecto da central de Temane é fundamental para aumentar as oportunidades de comércio de energia entre os países do SAPP. Apesar da abundância de recursos energéticos na sub-região, a falta de interligações transfronteiriças continua a ser um constrangimento de monta.
A integração completa dos sistemas de energia dos países do SAPP e o aumento do comércio de energia podiam traduzir-se em poupanças de 42 mil milhões de dólares americanos em investimento e custos de funcionamento até 2040.
O Banco Mundial está empenhado em apoiar a África Austral a realizar este potencial de poupanças”, disse Deborah Wetzel, a Directora do Banco Mundial para a Integração Regional de África, Médio Oriente e Norte de África.
O TREP complementa duas outras operações da IDA em fase de implementação em Moçambique (ascendendo a USD 230 milhões) destinadas a aumentar a fiabilidade e a eficiência do actual sistema de energia, a fazer avançar reformas empresariais na companhia nacional de electricidade (Electricidade de Moçambique, EDM) e a expandir o acesso.
Na esteira do referido projecto da construção da linha Temane-Maputo serão construídas três novas substações em Vilanculos (Inhambane), Chibuto (Gaza) e Matalane (Maputo), o que irá permitir potenciar o fornecimento de energia naquelas regiões a alargar a base de acesso de energia eléctrica.
O Governo de Moçambique lançou em finais de 2018 o Programa Nacional de Electrificação, que tem como objectivo levar energia eléctrica às famílias mais desfavorecidas ainda sem acesso a luz eléctrica.(Carta)