A Hollard Seguros em Moçambique diz que, do total das perdas causadas pelo ciclone Idai, estimadas em 1 bilião de USD, apenas cerca de 150 milhões de USD estão cobertas pelo sector segurador. Deste valor, a Hollard tem cerca de 30 milhões de USD para pagar aos seus clientes afectados pela intempérie.
“Isto mostra o quão não segurado está o mercado moçambicano. Ou seja, apenas 10 por cento das perdas em bens específicos estavam seguradas”, afirmou o director financeiro da companhia, Óscar Faria.
Falando esta terça-feira, durante um “media breakfast”, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do grupo em Moçambique, Henri Mittermayer, disse que a fraca aposta em seguros no país é um problema com “barba branca”. Numa perspectiva comparativa com outros mercados, Mittermayer destaca que o país apresenta um atraso de 35 anos em termos de evolução.
O PCA da Hollard disse que há ainda em Moçambique uma fraca cultura de seguros no seio da sociedade, motivada pelo Estado que é “paternalista”. “O Governo toma conta de quase tudo, da saúde, da educação dos meus filhos, então o sentimento de investir para o futuro ainda tem de ser muito elaborado”, disse Mittermayer.
Para ele, a crise económica que está a assolar o país é um outro factor que não favorece o mercado de seguros. “Muitas empresas fecharam. Como consequência, clientes pararam de pagar os prémios e isto influenciou a disponibilidade de lucros no mercado”, queixou-se a fonte.
Para reverter o problema, o PCA da Hollard defendeu a aposta na educação sobre a importância do seguro, através de uma comunicação para mudança de comportamento e, para esse efeito, a fonte convidou os “media” a darem o seu contributo. Baseada na África do Sul, a Hollard Seguros opera em Moçambique há quase 18 anos e conta com uma quota de mercado de 30 por cento, dos cerca de 200 milhões de USD de investimento no sector. (Evaristo Chilingue)