A exploração de grafite pela empresa Syrah Resources no distrito de Balama, em Cabo Delgado, está paralisada há um mês, devido à alegada falta da conclusão do processo de compensação às comunidades locais, após a empresa ter sido autorizada a utilizar a terra para a instalação da central de produção. Devido ao imbróglio, não é permitida a entrada de nenhum trabalhador nas instalações da empresa.
Segundo fontes da "Carta”, o processo de compensação ocorreu com a participação das autoridades locais, que garantiram a recepção de uma parte dos valores, sendo que a outra metade seria disponibilizada quando a empresa iniciasse as operações, o que não aconteceu até hoje.
"Ao chegar aqui, a empresa fez um acordo com as comunidades sobre as terras que eram nossas machambas e agora não temos onde cultivar. Naquela época, foi acordado que eles deviam pagar pelo menos 60 mil por hectare, mas esse dinheiro não foi disponibilizado até hoje, por isso não vamos sair até que a situação seja resolvida", disse um dos manifestantes, que lembrou que a comunidade não recebe a devida compensação há cerca de dez anos.
A fonte também acusou o governo local de não estar a agir para garantir que as comunidades recebam as suas compensações, afirmando que a população apresentou diversas vezes as suas preocupações.
Os manifestantes, que se encontram acampados na principal entrada do campus da Syrah Resources, vêm das comunidades de Balama-sede, Mualia, Nacole, Ncuite, Ntete, Pirira, 7 de Setembro e Ntete. Eles exigem a presença de representantes de alto nível da empresa para dialogar.
As autoridades locais não se mostram abertas a comentar o diferendo, mas informações confirmam que várias queixas foram enviadas aos governos local e provincial e aos órgãos de administração da justiça.
Nesta semana, a Syrah Resources recebeu nova autorização do Governo moçambicano para continuar com as suas actividades e assegurou um financiamento de 64,73 milhões de dólares para investir nas operações da mina em Balama. (Carta)