A empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) diz estar disposta a abrir o mercado de produção, transporte e comercialização de energia eléctrica em Moçambique para fornecedores totalmente privados. O posicionamento foi apresentado esta terça-feira (27), dia em que a empresa assinala 47 anos de operações marcados por monopólio no sector.
“Estamos abertos. Mas nós temos que nos adaptar, sermos mais competitivos. Acho que estamos em melhor posição para continuar a liderar o mercado”, afirmou o recém-empossado Presidente do Conselho de Administração (PCA), Joaquim Ou-chim. O PCA falava à margem dum seminário organizado pela empresa, na Feira Internacional de Maputo (FACIM), sobre o impacto das Parcerias Público-Privadas (PPP), no sector de energia.
Durante a apresentação do tema, o Director Nacional de Estratégias de Electrificação, António Nhassengo, explicou que a EDM começou a apostar em PPP, a partir de 2011 depois de experimentar um grande défice na produção, transporte e fornecimento de energia no país e para a região. Segundo Nhassengo, com a abertura da EDM para as PPP, constata-se nos últimos dias uma melhoria na segurança energética no país.
Dos projectos em PPP com a EDM, Nhassengo destacou a Central Térmica a Gás, a Central Térmica de Maputo, a Kuvaninga, a Central Térmica de Ressano Garcia, a Gigawatt e a Central Térmica de Temane, ainda em construção. Nesses projectos, a EDM diz ter já investido 800 milhões de USD, desde 2011.
Com esses projectos, para além de garantir o fornecimento interno, o Director Nacional de Estratégias de Electrificação disse que a empresa tem tido excedentes que são exportados para a venda em diferentes países da região austral.
A EDM registou em 2023, pelo terceiro ano consecutivo, resultados líquidos positivos na ordem de 4.8 mil milhões de Meticais. No mesmo ano, a empresa assistiu ao incremento do Volume de Negócios da Empresa em 14%, passando de 46.8 mil milhões de Meticais registados em 2022, para 53 mil milhões de Meticais em 2023.
Já o nível de perdas totais de energia, decorrentes sobretudo do roubo de energia, reduziu em dois pontos percentuais, saindo de 28% em 2022, para 26% em 2023. Esta redução, a mais acentuada nos últimos quatro anos, teve um peso significativo no aumento da receita da Empresa e responde ao desafio estabelecido pelo Governo de melhoria contínua de excelência operacional.
Naquele ano, os projectos de expansão da Rede Eléctrica Nacional e massificação de novas ligações garantiram que mais 395,732 novos consumidores passassem a beneficiar de energia eléctrica pela primeira vez, incluindo as comunidades de onze (11) sedes de Postos Administrativos. Com efeito, o número de clientes da EDM passou de 2.9 milhões em 2022, para 3.2 milhões em 2023, representando um crescimento de 9%. (Evaristo Chilingue)