Nos últimos dias, o terrorismo voltou a intensificar-se em Cabo Delgado, causando mortes, deslocados, destruição, dor e insegurança naquela província nortenha do país. Tal acontece após uma acalmia verificada depois da morte do líder terrorista, o moçambicano Bonomade Machude Omar, nas matas da província, durante a operação “Golpe Duro II” no fim de Agosto de 2023.
Para os empresários, o recrudescimento vai afectar novos investimentos, bem como o ambiente de negócios naquela província, em particular, e em todo o país, no geral. “A paz e a segurança para o investimento, são certamente aspectos fundamentais. Nesse contexto, o apelo que fazemos é que nós empregadores, sociedade civil, trabalhadores e a sociedade em geral temos que empreender esforços para lutar contra este mal que enferma os investimentos e a todos nós”, disse a Secretária-geral da Câmara de Comércio de Moçambique (CCM), Teresa Muenda.
De entre vários sectores afectados pelo terrorismo, Muenda destacou a indústria de exploração do gás natural e, perante este ambiente de incerteza, a fonte diz: “quem está fora do país e não sabe onde está Cabo Delgado, tem receio mesmo para investir em Maputo”. O terrorismo adoptou um novo “modus operandi”, com relatos dando conta de que não mata, mas acarinha os populares, sobretudo os que professam o islão e nas estradas os terroristas não incendeiam viaturas, mas cobram uma taxa de circulação.
Na última sexta-feira (16), um empreiteiro de Pemba foi obrigado a desembolsar 150 mil meticais para evitar que a sua viatura “Ford” fosse incendiada e os seus quatro homens, que saíam do distrito de Quissanga para a capital de Cabo Delgado, fossem mortos. Para a Secretária-geral do CCM, a questão dos raptos é um outro grande desafio que preocupa a classe empresarial, numa altura em que o fenómeno tende a assumir contornos assustadores.
“A qualquer momento, já não se irão circunscrever apenas aos empresários, mas o fenómeno poderá abranger a todos cidadãos. É um risco que está iminente e o nosso apelo é que todos nós, como sociedade, congreguemos esforços para combater este mal. As pessoas que raptam estão no nosso seio, vivem e convivem connosco. Assim o apelo é para sermos mais vigilantes e pedir às autoridades para que intensifiquem as acções para a identificação dos sujeitos”, apelou Muenda.
O último rapto aconteceu há uma semana e a vítima foi um empresário moçambicano da comunidade hindu, raptado em Maputo, a poucos metros de um quartel na Avenida Amílcar Cabral, no bairro de Sommerschield. O rapto ocorreu por volta das 9h00 e a vítima, identificada como Dharmendra, era proprietário de um “botlestore” localizado a menos de 50 metros do quartel militar e junto ao “O Vosso Supermercado”.
Testemunhas no local, citadas pela AIM, dizem que os raptores estavam armados, executaram o crime rapidamente e sem qualquer hipótese de reacção da vítima, tendo a polícia chegado ao local mais tarde, já depois do acto consumado. (Evaristo Chilingue)