O oleoduto poderá escoar 250 mil litros por hora para o Malawi, enquanto um camião leva cerca de sete dias de ida e volta para Beira para transportar 35 mil litros. O país importa 50 por cento do seu combustível do porto da Beira e 20 por cento de Nacala e os restantes 30 por cento do porto de Dar-es-Salam, sendo que o oleoduto também poderá aliviar os custos de importação.
Malawi gasta cerca de 600 milhões de dólares por ano apenas na importação de combustível, à medida que o consumo de diesel e gasolina continua a aumentar rapidamente.
Os números do regulador da indústria energética, a Autoridade Reguladora de Energia do Malawi, mostram que, em média, os malawianos consomem cerca de 50 milhões de litros de combustível por mês, o equivalente a 600 milhões de litros por ano. Por dia, os malawianos consomem cerca de 845 mil litros de gasolina e 834 mil litros de gasóleo. E para aguentar esta demanda de combustível, o país necessita de 600 milhões de dólares por ano.
O presidente do conselho da administração da autoridade reguladora de energia, Henry Kachaje, atribuiu o aumento do custo de importação de combustível à elevada procura de combustível no mercado nos últimos anos.
Kachaje garantiu a sustentabilidade na importação de combustíveis com base no financiamento de 50 milhões de dólares do Banco Árabe para Desenvolvimento em África (BADEA) para reabastecer as reservas de combustível do país para aliviar os desafios recorrentes no fornecimento de combustível.
Malawi tem enfrentado escassez recorrente de combustível desde Agosto do ano passado, em grande parte porque o país não tem divisas suficientes. O Banco Central do Malawi afirmou em Junho que as reservas cambiais do governo não eram suficientes para durar um mês.
″O país precisava de uma média de cerca de 300 milhões de dólares em produtos petrolíferos, mas quando os preços dos produtos petrolíferos no mercado subiram, o valor duplicou para quase 600 milhões de dólares″.
Kachaje disse que o regulador de energia está a trabalhar com fornecedores de combustível para minimizar a escassez. "Uma das formas é envolver fornecedores que estejam dispostos a fornecer produtos ao Malawi em Kwacha [a moeda local]", disse Kachage.
As frequentes interrupções no fornecimento de combustível deixam os malawianos frustrados. A longo prazo, o presidente da autoridade reguladora da energia do Malawi reiterou que o governo está a explorar a viabilidade de investir num oleoduto, que é um meio mais seguro e eficiente de transporte de combustível.
Disse também que o governo está a ponderar a construção de tanques de armazenamento em Nacala para apoiar a estratégia de aumento do transporte ferroviário de combustíveis. Para o efeito, Moçambique concedeu espaço ao Malawi para construir um porto seco perto do porto de Nacala, província de Nampula, com o objectivo de agilizar o desembaraço aduaneiro de mercadorias e flexibilizar a logística de transporte, especialmente de combustíveis e fertilizantes.
A concessão do espaço resulta do aprofundamento das relações diplomáticas e bilaterais e vai ajudar o Malawi a aliviar os custos de transporte e a reduzir os preços das mercadorias. O espaço foi projectado para contar com ramais ferroviários, armazéns, equipamentos de movimentação de cargas, depósitos de combustíveis, dutos, entre outros. Isto ocorre num momento em que o sector enfrenta ultimamente um conjunto de riscos, incluindo perturbações nas infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, o que exigiu a necessidade de diversidade nas opções e rotas de importação.
A Política Energética Nacional estipula que Malawi deve diversificar as suas rotas de importação de combustível.
“O país também já identificou rotas alternativas para garantir a segurança do abastecimento caso algum dos portos da Beira, Nacala e Dar-es-Salaam esteja inacessível. Estas rotas alternativas incluem o acesso ao combustível através do oleoduto de Feruka em Mutare e Masasa em Harare, no Zimbabwe e Mtwara na Tanzânia”, disse Kachaje.
Referiu ainda que a diversificação de fornecedores continua a ser fundamental para sustentar o fornecimento de combustível no país. Em momentos de escassez, os motoristas malawianos são obrigados a pagar valores exorbitantes por combustível no mercado negro, contrabandeado a partir dos postos de abastecimento na fronteira com o vizinho Moçambique, e outros são obrigados a cruzar a fronteira para obter gasolina ou gasóleo, que escasseia no Malawi.
Malawi é um dos países com os mais elevados preços de combustível ao nível da SADC e não tem acesso directo ao mar, dependendo dos portos da Beira e Nacala, em Moçambique, e de Dar-es-Salaam, na Tanzânia, para importar o seu combustível. A Lei dos Combustíveis Líquidos e Gás estipula que o país deve manter sempre stocks de combustível para 90 dias, dos quais 60 dias devem ser mantidos nas reservas estratégicas e 30 dias nas empresas de comercialização de petróleo. (Daily Times⁄Carta)