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O sector bancário manteve-se sólido e resiliente durante o primeiro semestre de 2022, com crescimento de resultados e níveis adequados de capitalização e liquidez. Entretanto, no que concerne à qualidade do activo, o rácio do crédito em incumprimento situou-se em 10,02%, acima do benchmark convencional de 5,0%.
De acordo com o balanço do sector bancário, disponibilizado há dias pelo Banco de Moçambique, em “Boletim de Estabilidade Financeira”, no período em análise, o activo do sector bancário ascendeu a 847 biliões de Meticais, representando um crescimento de 3,99% e 6,13% em relação a Dezembro e Junho de 2021, respectivamente.
“Esta variação positiva em relação ao período homólogo foi motivada essencialmente pelo crescimento das aplicações em instituições de crédito em 63,89% e outros activos em 12,97%, atenuada pela queda das disponibilidades e activos financeiros em 19,84% e 15,28%, respectivamente”, lê-se no Boletim.
Do balanço consta ainda que, em Junho de 2022, o passivo total do sector bancário totalizou 703 biliões de Meticais, representando um aumento de 6,13% e 6,66% em relação a Dezembro e Junho de 2021, respectivamente. Os depósitos, que constituem a principal fonte de financiamento da actividade bancária, fixaram-se em 601 biliões de Meticais, dos quais 72,55% em moeda nacional e o restante em moeda estrangeira.
Relativamente ao período homólogo, a nossa fonte refere que os depósitos em moeda nacional e moeda estrangeira aumentaram em 15,33% e 4,25%, respectivamente. O peso dos depósitos em moeda estrangeira na estrutura dos depósitos totais mantém-se em redor de 27%.
“Os capitais próprios do sector bancário totalizaram 144,2 biliões de Meticais, representando uma diminuição de 5,30% em relação a Dezembro de 2021 e um incremento de 3,64% comparativamente a Junho de 2021. No que concerne ao período homólogo, esta variação deveu-se, sobretudo, à expansão dos resultados líquidos do exercício em 2,2 mil milhões de meticais, correspondentes a 19,61%”, acrescenta o Boletim.
Apesar de o sector bancário ter permanecido sólido e resiliente durante o primeiro semestre de 2022, a qualidade do activo, medida pela proporção do crédito vencido há mais de 90 dias (NPL) sobre o crédito total, fixou-se em 10,02% (10,60% em Dezembro de 2021 e 9,92% em Junho de 2021), cifra acima do benchmark convencional de 5,0%.
Discursando durante a realização do 47º Conselho Consultivo, decorrido em Novembro passado, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, explicou que, de entre vários motivos, o aumento de crédito mal-parado no sector bancário é resultado do impacto nefasto provocado pela pandemia da Covid-19 na economia.
Contudo, em termos de contribuição do NPL por sectores de actividade, o Boletim explica que, em Junho de 2022, o comércio teve o maior contributo, com 2,7%, seguido da indústria, com 2,3%, e dos transportes e comunicações, com 2,0%. (Evaristo Chilingue)
