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sexta-feira, 20 maio 2022 06:05

Moçambique vai sofrer “indiretamente” com a guerra na Ucrânia – diz FMI

fmi Alexis min

 

O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Alexis Meyer-Cirkel alertou ontem que o país vai sofrer indiretamente com a guerra na Ucrânia, mantendo ainda assim as perspetivas de aceleração do crescimento económico.

 

“Os moçambicanos vão realmente sentir esta crise indiretamente”, frisou, em Maputo, durante a apresentação do relatório sobre as perspetivas económicas regionais para a África Subsariana, sublinhando o recente aumento de preço dos combustíveis e dos cereais no país.

 

Nalgumas províncias "as panificadoras estão a ajustar os preços do pão em resposta ao aumento do preço do trigo”, disse Alexis Meyer-Cirkel. O FMI prevê que a inflação deva chegar neste ano aos 9% e, em 2023, abrandar para 7%.

 

O representante do FMI nota que, além da invasão da Rússia à Ucrânia, o mundo não está totalmente livre da pandemia da covid-19. Ainda assim, no que respeita à pandemia, considera que Moçambique apresenta um ritmo encorajador, com taxas de vacinação muito avançadas.

 

De um modo geral, “a perspetiva de Moçambique é melhor que na média da África Subsaariana, principalmente nos próximos anos, com a expectativa sobre o gás” e o arranque dos projetos na bacia do Rovuma, acrescentou.

 

Um cenário traçado numa altura em que o FMI aprovou (a 09 de maio) um acordo de financiamento no valor de 470 milhões de dólares (445 milhões de euros) com Moçambique a aplicar até 2025.

 

As previsões do FMI apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano neste ano de 3,8%, esperando-se uma aceleração para 5% em 2023 e 8,3 % em 2024.

 

O Governo moçambicano prevê para este ano um crescimento da economia de 2,9% inscrito no Plano Económico e Social e Orçamento de Estado aprovados pelo parlamento em dezembro - ainda antes dos riscos globais despoletados pela guerra na Ucrânia.

 

A ambição de manter a estabilidade económica no meio de uma guerra exige uma postura diferente e Moçambique precisa controlar o aumento da dívida pública, defendeu Aléxis Meyer-Cirkel, que, no entanto, destaca a capacidade do país na arrecadação de receitas e impostos.

 

As previsões do FMI apontam para a manutenção da dívida pública na casa de 102% do PIB durante este ano e 94,8% em 2023.

 

Para Alexis Meyer-Cirkel, a violência armada em Cabo Delgado, província aterrorizada por rebeldes armados desde 2017, o receio que ainda existe relativo à covid-19 e as calamidades naturais continuam a ser os principais riscos para a economia moçambicana.

 

“O terrorismo, especificamente, aumenta as pressões fiscais, retarda os projetos de gás e aumenta a pobreza e desigualdade”, frisou.

 

Com um acordo de financiamento assinado com Moçambique, sinal importante para o mercado financeiro internacional, o representante do FMI entende que o investimento no capital humano e a diversificação da base económica continuam entre as principais reformas necessárias. (Lusa)

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