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BCI
terça-feira, 29 março 2022 13:40

Setor privado moçambicano considera assistência financeira do FMI “sinal positivo”

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, a maior organização patronal do país, considerou hoje “sinal positivo” o anúncio do reatamento da assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), assinalando que se cria “uma boa perspetiva”.

“Para nós, setor privado, trata-se de um sinal positivo e boa perspetiva para o financiamento da economia de Moçambique, incluindo o reforço das reservas internacionais”, afirmou o vice-presidente da CTA, Prakash Prehlad, falando em conferência de imprensa de reação ao anúncio do FMI, feito na segunda-feira.

Prehlad avançou que o novo programa de assistência financeira vai promover o crescimento sustentável e inclusivo e a estabilidade macroeconómica de longo prazo.

“A confiança dos investidores começa a melhorar. Existem desafios ainda por ser abordados, nomeadamente a componente da segurança, Estado de Direito Democrático e cumprimento da lei e da legalidade, que ajudarão a minimizar a corrupção”, enfatizou.

O vice-presidente da CTA assinalou que o FMI aceitou o novo programa de assistência financeira por reconhecer “o conjunto de reformas que o Governo moçambicano desencadeou para melhorar a transparência da gestão e a racionalização da despesa pública”.

Outro fator de peso, prosseguiu, é a realização do julgamento das dívidas ocultas.

Na segunda-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerou “grande ganho” a retomada da assistência financeira do FMI ao país, suspensa desde a descoberta das chamadas dívidas ocultas.

“Isso é um grande ganho para nós, eles já nos confiam”, afirmou Filipe Nyusi, falando com quadros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, na província de Inhambane, sul de Moçambique, num áudio divulgado hoje pela Presidência da República.

O chefe de Estado moçambicano disse que o acordo com o FMI prevê o desembolso de uma ajuda financeira no valor de 470 milhões de dólares (428 milhões de euros), montante que já tinha sido referido na segunda-feira pelo chefe da missão desta instituição a Moçambique, Álvaro Piris.

“É um programa que vai acelerar a recuperação económica de Moçambique, sobretudo, por causa da covid-19, do terrorismo e das calamidades naturais”, enfatizou Filipe Nyusi.

O instrumento aprovado pelo FMI prevê uma recuperação rápida da economia moçambicana e tem como pressupostos a promoção da boa governação, combate à corrupção, estabilidade macroeconómica e controlo da dívida, acrescentou Nyusi.

O reatamento da assistência financeira, prosseguiu, estimula outros parceiros de Moçambique a cooperar com o país africano, pois o FMI funciona como um farol.

“Ninguém nos dava nada”, após a descoberta das dívidas ocultas, e “eu era conhecido como o Presidente do país dos ladrões”, afirmou Filipe Nyusi.

Esta é a primeira vez que o Fundo financia Moçambique desde a divulgação do chamado escândalo das dívidas ocultas, em 2016, havendo apenas a registar ajudas financeiras pontuais no seguimento de catástrofes específicas, como a pandemia de covid-19 ou os ciclones Kenneth e Idai, em 2019.

“Nos últimos anos Moçambique foi afetado por uma série de choques severos que arriscam intensificar as vulnerabilidades e piorar as condições socioeconómicas”, disse o FMI, apontando os exemplos dos ataques no norte, que desalojaram mais de 800 mil pessoas e atrasaram os desenvolvimento dos projetos de gás natural liquefeito.

 

O programa agora anunciado pretende “focar-se no crescimento, sustentabilidade orçamental e reformas na governação e na gestão das finanças públicas, equilibrando o financiamento com um ajustamento moderado que vai reconstruir o espaço orçamental e reduzir a dívida e as vulnerabilidades financeiras”, acrescentou o FMI. (Carta)

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