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29 de May, 2025

Projecto BRT continua sonho político para mobilidade no Grande Maputo

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Passam 11 anos desde que falhou a implementação do primeiro Projecto do sonhado BRT (Bus Rapid Transport), prometido pelo então Edil de Maputo, David Simango, tendo João Matlombe como Vereador dos Transportes, no município da capital do país. No entanto, o projecto continua intacto no sonho dos políticos moçambicanos, agora com novas versões de rotas, quantidade de passageiros abrangidos e orçamento.

Ontem, João Matlombe, agora Ministro dos Transportes e Logística, voltou a apontar o BRT como a solução para o crónico problema da mobilidade na Área Metropolitana do Grande Maputo. O projecto falhou, de forma consecutiva, em 2014, 2016, 2021 e 2023, anos em que fez parte da agenda política nacional, com destaque para o município de Maputo e do extinto Ministério dos Transportes e Comunicações.

O BRT é um sistema de transporte público de alta capacidade, baseado em autocarros, que oferece um serviço rápido e eficiente, com características que o assemelham a um sistema de metro. Diferentemente do transporte público convencional, o sistema dispõe de faixas exclusivas para os autocarros, prioridade em semáforos, estações aprimoradas e outras melhorias que aumentam a velocidade, a frequência e a confiabilidade do serviço.

Falando esta quarta-feira, a partir do pódio da Assembleia da República, onde o Governo respondia às perguntas dos deputados, João Matlombe disse que o BRT será implementado através do Projecto de Mobilidade Urbana da Área Metropolitana de Maputo (Projecto MOVE Maputo).

Em termos de trajecto, o novo BRT vai partir da Praça dos Trabalhadores, na Baixa da Cidade de Maputo, seguindo as avenidas Guerra Popular, Acordos de Lusuka e das FPLM até à Praça dos Combatentes, donde vai desviar pela Avenida Julius Nyerere até à Praça da Juventude. Da Praça da Juventude, o sistema vai tomar a Avenida Lurdes Mutola até à rotunda de São Roque, na Avenida de Moçambique, devendo desaguar no Terminal do Zimpeto.

O governante explica que “este tipo de transporte será alimentado pelas rotas Matola-Gare, Marracuene e Zona Verde”, sendo que “prevê-se movimentar cerca de 140 mil passageiros por dia, respondendo à procura de transportes públicos em mais de 30%”.

Ainda sem obras visíveis nas avenidas abrangidas pelo projecto (onde se deve criar faixas exclusivas para circulação dos autocarros), Matlombe garantiu estarem em curso “obras de construção e reabilitação de parte das estradas alimentadoras”, nos municípios abrangidos, dando exemplo de estradas do município da Matola, concretamente, dos troços Intaka-Boquisso; Mulumbela-Khongolote; e Matchemele-Matibjana. “As obras destas vias estão em cerca de 40% do nível de execução”, assegurou.

“Igualmente, decorrem os trabalhos de reabilitação da avenida da ONU e as ligações entre a [avenida] Fernão Magalhães e a avenida da ONU-25 de Setembro e avenida 24 de Julho, entre as avenidas da Tanzânia e Zâmbia, na cidade de Maputo. Neste pacote, as obras estão na fase final com cerca de 80% de execução”, acrescentou o governante.

Os sucessivos falhanços

Em 2014, quando o projecto foi apresentado por João Matlombe, enquanto Vereador dos Transportes no Município de Maputo, o BRT custava 100 milhões de USD, financiados pelo governo brasileiro, contemplando “depósitos de recolha de autocarros e de manutenção”.

O sistema ia comportar duas linhas, sendo que uma partiria da Praça dos Trabalhadores até à Praça da Juventude, passando pela Praça dos Combatentes. Esta linha contaria com uma ramificação, que partiria do cruzamento das avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, seguindo até ao Museu da História Natural. A segunda linha ia ligar a baixa da cidade de Maputo até ao bairro do Zimpeto. A primeira linha ia comportar 78 autocarros e a segunda 120 autocarros, cada com capacidade para 160 lugares.

O projecto não avançou devido à operação lava jacto, que foi desencadeada no Brasil, com objectivo de apurar esquemas de lavagem de dinheiro, proveniente da corrupção no sector público. A operação levou o Brasil a suspender financiamento de 4.7 biliões de USD para 25 projectos de obras públicas em países da América e África, inclusive Moçambique.

Em Fevereiro de 2021, o projecto foi resgatado pelo Presidente do Conselho Administrativo (PCA) da Agência Metropolitana de Transportes de Maputo, António Matos, já orçado em 150 milhões de USD, financiados pelo Banco Mundial. As obras estavam agendadas para iniciar em 2023, sendo que a operacionalização do sistema seria em 2024.

Já em Abril de 2023, foi a vez do então Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, lançar a nova fase do BRT, que seria constituída por serviços no corredor Baixa-Magoanine-Zimpeto­Matola Gare, comportando 120 autocarros e beneficiando mais de 124 mil passageiros. A empreitada custaria 250 milhões de USD.

“Os bairros abrangidos passarão a ter estradas de acesso mais seguras e resilientes, incluindo iluminação e passeios renovados, percursos pedonais, ciclovias, estradas asfaltadas e sistemas de drenagem das águas”, afirmou, na altura, o actual Conselheiro Económico do Presidente da República.

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