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Actualizado de Segunda a Sexta

5 de Março, 2025

Maputo vive nova onda de bloqueios

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Alguns pontos da cidade e da província de Maputo enfrentam uma nova onda de bloqueios e manifestações desde segunda-feira, resultando numa desordem total que impede a circulação normal de pessoas e bens.

Na segunda-feira (03), por exemplo, “Carta” soube que alguns manifestantes e transportadores semi-colectivos de passageiros, vulgo “chapeiros”, bloquearam logo nas primeiras horas a zona da Machava Socimol 15, no município da Matola, província de Maputo, impedindo que as pessoas chegassem aos seus postos de trabalho.

Os moradores foram surpreendidos com o bloqueio e tiveram de buscar vias alternativas para chegar à cidade de Maputo. Os “chapeiros” alegam que decidiram paralisar as suas actividades em protesto contra as péssimas condições das estradas [estão esburacadas].

Devido à situação, o transporte que liga os bairros da Matola-Gare e Nkobe, também na província de Maputo, foi interrompido por várias horas e a circulação só voltou à normalidade no fim da tarde. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi chamada a intervir na Machava Socimol 15 e utilizou gás lacrimogéneo e balas reais para dispersar os manifestantes.

No bairro de Muhalaze, o cenário era o mesmo, com manifestantes protestando contra as más condições das vias. Como sinal de protesto, a estrada principal foi bloqueada, paralisando a circulação de pessoas e bens.

“Neste bairro, temos uma estrada cujas obras começaram em Janeiro de 2022, com prazo de conclusão de 18 meses. Já passaram dois anos e as obras continuam abandonadas. Num troço de 24,5 quilómetros, o município só asfaltou 9,3 quilómetros e de forma precária”, lamentou Armando Nhamussua, um dos moradores.

“Estamos a sofrer. Nos últimos dias, somos obrigados a caminhar mais de 25 quilómetros para chegar aos nossos postos de trabalho e ninguém faz nada. Acho que os nossos dirigentes precisam fazer algo e também dialogar connosco para resolver a situação”, acrescentou Nhamussua.

Nesta terça-feira (04), o cenário não foi diferente. O dia começou tranquilo, com os “chapas” a circular normalmente, embora de forma tímida. No entanto, por volta das 10h00, surgiram relatos de bloqueios na Machava Socimol 15, de Zimpeto a Albazine, no bairro do Jardim, entre outros pontos.

Na Machava Socimol, os manifestantes continuavam os protestos iniciados no dia anterior, devido às condições precárias das estradas. No bairro do Jardim, não houve muitos detalhes sobre os protestos. Já na via entre Zimpeto e a rotunda do Albazine foi reportado que o bloqueio foi causado por um desentendimento entre um transportador semi-colectivo e um agente de trânsito.

“Por volta das 09h00 saí de casa, no bairro de Guava, para ir ao meu trabalho. Quando cheguei à rotunda do CMC, tudo estava fechado. Perguntei o que estava a acontecer e informaram-me que a confusão começou no Zimpeto onde um automobilista subiu no passeio com o seu carro.

 

Na sequência, um agente da polícia interpelou o infractor e apreendeu a sua carta de condução, o que gerou revolta popular. Em solidariedade, todos os chapeiros decidiram paralisar as suas actividades e bloquear a estrada em protesto contra a decisão do agente de trânsito”, explicou Laura Feliciano Matola.

No centro da cidade, quase não havia transporte. As paragens estavam superlotadas e as pessoas relatavam dificuldades.

“Carta” encontrou Lina Massingue, na Avenida Guerra Popular, onde chegou às 9h00. Ela alertou que, nos últimos dias, os citadinos devem certificar-se do que está a acontecer nas ruas antes de sair de casa.

“Saí de casa com meu filho para uma consulta de controlo de uma doença crónica no Hospital Central de Maputo. A consulta aconteceu cedo, mas agora são 12h00 e ainda não consegui transporte para voltar para casa, na Machava. Até agora, não vi nenhum “chapa” e o meu filho só chora de fome. Não tenho dinheiro além do necessário para a passagem, por isso não posso comprar algo para ele comer. Não sei como vou chegar à casa”, disse, visivelmente angustiada.

“Até quando vamos passar por isto? Até os inocentes estão a sofrer. Agora o povo manifesta-se por tudo e por nada. Todos os dias são incertos”, desabafou Massingue. (M.A)

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