Da minha experiência no sector financeiro, quando se estrutura uma operação de recuperação de uma Empresa, há várias vertentes a ter em consideração, sendo que duas delas são vitais como o ar que respiramos: a componente Económica e a Financeira.
Claro que um conjunto de outras variáveis devem também ser colocadas em equação, tais como o posicionamento no mercado, a maturidade da empresa, produtos e serviços, o grau tecnológico a boa governação, etc. etc. … para apenas enumerar algumas.
Todas são importantes, contudo, há uma condição necessária que considero crítica: é que sem viabilidade económica e um mínimo equilíbrio financeiro, não há negócio que sobreviva a uma reestruturação.
Ora, o que temos assistido na LAM desde há várias gerações de mudanças é que se procuram soluções de governação e de sobrevivência económica sem atender à profunda crise financeira da Companhia.
O primeiro elemento de pressão que está a matar esta empresa é a sua Dívida estrutural que, não me cabendo aqui discutir, é uma realidade incontornável para quem estiver a gerir a empresa.
Podemos até escolher os melhores gestores do mundo do sector de aviação, mas sem endereçarmos primeiro a resolução do “fosso financeiro” em que a empresa se encontra mergulhada (por via do seu endividamento), de nada valerá.
A necessidade de encontrar uma solução consistente e estabilizada de forma a que seu nível de endividamento não sufoque a sua operação é fundamental. Se olharmos para o actual serviço da dívida que a empresa deveria cumprir para com os bancos e outros credores, facilmente concluiremos que não há meios financeiros libertos gerados pela operação que no curto prazo possam honrar estas obrigações contratuais. Nesses termos, por muito que aperfeiçoe e melhore a sua governação e o seu lado operacional, a LAM jamais sobreviverá aos compromissos financeiros que tem de cumprir.
Equivale isto dizer que não vale a pena reestruturar a empresa, sem que se alcance primeiro um acordo entre Credores, Estado e a LAM.
A Empresa é viável. Mas com este nível de endividamento, tenho as minhas dúvidas.
É chegada a hora do Estado assumir o papel histórico de sanear a empresa financeiramente, pois será a única forma de viabiliza-la.
Tudo o resto é como tem sido até agora: derreter recursos, queimar Gestores e afundar cada vez mais a Companhia.